Crises levam investidores a procurarem portos seguros, como francos suíços
SÃO PAULO – Crise e pânico. Duas palavras pequenas que assustam qualquer investidor, levando-os a correr de ativos de risco atrás de outros que apresentem maior segurança, como metais preciosos e algumas moedas mundiais.
A dívida da principal economia mundial, os Estados Unidos, o dólar, é uma dessas moedas que tendem a apresentar altas nesses momentos. Frente ao real, em situações de risco, o dólar apresenta fortes altas.
E, a despeito do corte do rating pela S&P na sexta-feira (8), com os títulos de dívida norte-americanos sendo vistos como um dos investimentos mais seguros, a procura por essa moeda também continua forte nas crises. Contudo, há moedas ainda mais seguras. Um grande exemplo desses é o franco suíço.
Destino: Suíça
A segurança da suíça vêm também da sua pretensão de ser um porto seguro, de acordo com Mário Batistel, gerente de câmbio da Fair Corretora, que destaca a neutralidade do país frente à diversas situações, como nas épocas de guerra.
“Muita gente deixa dinheiro lá, e os investidores correm para um ativo de menor risco nessas situações”, afirma Batistel, lembrando também da confusão vivida pelos mercados nesses momentos de crise – onde o investidor não procura exatamente ganhar a maior quantia de dinheiro, mas evitar suas perdas.
A ideia é simples: um país rico, próspero, pequeno e estável, com um noticiário tranquilo. Em suma, algo antagônico dos Estados Unidos, cuja pujança econômica fora deixada para trás e com um tamanho continental que também lhe traz desafios continentais.
Embora a localização, no meio da Europa, pouco favoreça a Suíça no momento, Batistel lembra que a sua não-adesão ao Euro também evitou que aquele país enfrentasse os problemas vividos por outras economias do continente no momento, como Itália e Espanha.
Já Jorge Lima, economista da Didier Levy, lembra dos atrativos da Suíça frente aos EUA. “Se há uma taxa de juros mais atraente, o capital vai para lá”, afirma, embora reconheça que esta fora recentemente reduzida para conter a entrada excessiva de capital naquele país – o que por sua vez prejudicaria a indústria.
Origem: Estados Unidos
Porém se a tentativa do governo suíço é conter a valorização da moeda, ações do governo norte-americano têm dado tendência de queda a moeda norte-americana, o que também colabora para essa maior exposição de investidores em moedas diversas.
Um ponto ressaltado por Lima é a expansão da base monetária realizada pelo governo dos EUA. “A fraqueza do dólar vem dos programas de Quantative Easing do Fed [Federal Reserve (banco central norte-americano)], para derreter os efeitos da crise de 2008”, diz. Essa saída também foi tomada recentemente pelos suíços, preocupados com a apreciação de sua moeda, que vendeu francos em uma tentativa de desvalorizar a moeda.
Os efeitos desejados pelos norte-americanos nunca vieram em sua totalidade, e o país atualmente convive com uma taxa de desemprego acima dos 9% e com uma relação dívida e PIB (Produto Interno Bruto) cada vez maior, tendo em vista o forte aumento da dívida e o fraco ritmo de crescimento da economia daquele país.
Os baixos juros também não ajudam, já que para estimular a economia, a autoridade monetária norte-americana, o Fed tem mantido as taxas baixas, o que leva o capital a fluir para regiões mais lucrativas.
Fato é, até moedas de países tidos como “estagnados” tem apresentado um bom desempenho ante o dólar, como a japonesa iene, fazendo Battistel lembrar que o governo nipônico também tenha tomado medidas para conter a forte alta de sua moeda.
Para ele, a situação japonesa colabora para isso. “Apesar da crise por conta do terremoto, a poupança interna japonesa é absurda. O país não tem crises financeiras, é bastante seguro”, lembra. Aqueles que se protegerem contra crises através do dólar, podem estar até mais seguros. Mas há alternativas, e no momento elas parecem ser melhores.
Fonte: InfoMoney