Dúvidas sobre o mercado acionário
Surgiram dúvidas pertinentes de leitores sobre os mais variados temas do mercado acionário. Selecionamos as principais.
Sobre o retorno do patrimônio líquido
1) Como calcular o retorno sobre o patrimônio de uma empresa? Quando o dividimos pelo P/VPA (preço por valor patrimonial), não estamos falando do inverso do preço pelo lucro (P/L)? André Oliveira, via twitter.
Ao olharmos o retorno sobre o patrimônio líquido de uma companhia, devemos dividi-lo pelo múltiplo P/VPA. Por quê? Pois muitas vezes o acionista, ao adquirir uma ação, paga um prêmio sobre o valor patrimonial, logo esse acionista não recebe a “rentabilidade cheia” da companhia. Somente relembrando, retorno sobre o patrimônio líquido é a divisão do lucro líquido pelo patrimônio líquido médio de um determinado período. Por exemplo, o patrimônio líquido de 2010 seria o patrimônio líquido de 2010 adicionado ao de 2009 dividido por dois. O lucro líquido utilizado pode ser aquele obtido nos últimos doze meses ou o do último trimestre multiplicado por quatro.
O retorno sobre o patrimônio líquido dividido pelo P/VPA é realmente o inverso do P/L.
Sobre múltiplos
2) O leitor Marcos Antunes Penna utiliza os múltiplos P/L e P/VPA para sua decisão de escolha de ativos. Ele perguntou se deveria incluir também o múltiplo FV/EBITDA na sua avaliação.
É interessante olhar o maior número possível de indicadores: P/L, P/VPA, FV/EBITDA, P/Fluxo de caixa e também o preço justo obtido pela metodologia do fluxo de caixa descontado. Quanto mais os múltiplos estiverem baixos (logo, atrativos) e o potencial de valorização, levando-se em conta o preço-alvo, for alto, a seleção do ativo fica mais confortável.
Na decisão da escolha de um ativo não devemos focar apenas no múltiplo, porque ele é uma análise estática. Contempla apenas um ano. Logo, se os resultados futuros forem fracos aquele múltiplo de um determinado ano pode nos levar a escolha errada.
Outro ponto importante: deve-se sempre olhar os resultados projetados para o futuro, não os passados. Por exemplo, o lucro a ser utilizado para o cálculo do P/L é o de 2011 e 2012. Não o de 2010, pois já é passado e não necessariamente o resultado obtido no passado se repetirá no futuro.
Sobre operação “long/short”
3)“Nestas operações há alguma diminuição significativa do risco com relação à operação de compra simples? As operações seriam vantajosas em relação ao custo?” Ralph Albert Sommer.
O risco é menor especialmente se a operação é feita com classes de ações da mesma companhia. Vamos pensar em um caso extremo. Em uma compra simples, o preço da ação pode chegar a R$ 0,01, logo a perda do investidor seria de 100% do valor investido. Em uma operação “long short” entre ONs e PNs essa perda é muito improvável, pois a perda derivada da parte comprada seria pelo menos parcialmente compensada pela parte vendida. Por outro lado, o ganho é mais restrito também, a referência passa a ser o CDI ou títulos de renda fixa (IPCA + 5% a.a., como a NTN-B). Já numa compra simples, a referência seria os índices de mercado – Ibovespa, Ibrx-50. A operação “long/short” tem custo maior, pois há também corretagem quando o investidor vende a parte short e há ainda o custo do aluguel.
Sobre o setor imobiliário
4) “Será que a menor velocidade de vendas está prevista nos planos de negócios dos empreendimentos? Isso não pode deixar algumas incorporadoras em maus lençóis?” Marcelo Siqueira
As incorporadoras vêm apresentando forte crescimento de lançamentos e vendas desde 2006. Com isso começam a aparecer as ‘dores do crescimento’ – dificuldade na execução das obras (algumas companhias apresentaram estouro no orçamento como CCDI, Cyrela, MRV, Trisul), pois elas aumentaram bastante o número de canteiros, inflação de custos com a forte demanda por insumos e profissionais de construção civil, queda na qualidade de atendimento ao cliente, etc. Assim, uma desaceleração do ritmo de vendas é saudável para as companhias. Parece contraditório. Mas é benéfico para as companhias passarem a ter uma organização condizente com um novo patamar. As empresas cresceram muito em um curto espaço de tempo. Além disso, o ciclo operacional apresenta forte desembolso de caixa no início do projeto com aquisição do terreno, despesas de lançamento e início das obras. E a maior parte da entrada de caixa ocorre somente na entrega da unidade, cerca de 36 meses depois do lançamento, quando os contratos entre incorporadora e mutuário são repassados aos bancos. Assim, os empreendimentos lançados em 2007/08 devem estar próximos da entrega das chaves, o que deve trazer entrada de caixa. Com isso, as companhias passam a ser geradoras positiva de caixa, o que tende a reduzir a volatilidade das ações do setor. Até hoje, dado o forte crescimento, o setor teve um forte dispêndio de caixa. As ações líquidas negociando abaixo do valor patrimonial estão em níveis atrativos.
1) Como calcular o retorno sobre o patrimônio de uma empresa? Quando o dividimos pelo P/VPA (preço por valor patrimonial), não estamos falando do inverso do preço pelo lucro (P/L)? André Oliveira, via twitter.
Ao olharmos o retorno sobre o patrimônio líquido de uma companhia, devemos dividi-lo pelo múltiplo P/VPA. Por quê? Pois muitas vezes o acionista, ao adquirir uma ação, paga um prêmio sobre o valor patrimonial, logo esse acionista não recebe a “rentabilidade cheia” da companhia. Somente relembrando, retorno sobre o patrimônio líquido é a divisão do lucro líquido pelo patrimônio líquido médio de um determinado período. Por exemplo, o patrimônio líquido de 2010 seria o patrimônio líquido de 2010 adicionado ao de 2009 dividido por dois. O lucro líquido utilizado pode ser aquele obtido nos últimos doze meses ou o do último trimestre multiplicado por quatro.
O retorno sobre o patrimônio líquido dividido pelo P/VPA é realmente o inverso do P/L.
Sobre múltiplos
2) O leitor Marcos Antunes Penna utiliza os múltiplos P/L e P/VPA para sua decisão de escolha de ativos. Ele perguntou se deveria incluir também o múltiplo FV/EBITDA na sua avaliação.
É interessante olhar o maior número possível de indicadores: P/L, P/VPA, FV/EBITDA, P/Fluxo de caixa e também o preço justo obtido pela metodologia do fluxo de caixa descontado. Quanto mais os múltiplos estiverem baixos (logo, atrativos) e o potencial de valorização, levando-se em conta o preço-alvo, for alto, a seleção do ativo fica mais confortável.
Na decisão da escolha de um ativo não devemos focar apenas no múltiplo, porque ele é uma análise estática. Contempla apenas um ano. Logo, se os resultados futuros forem fracos aquele múltiplo de um determinado ano pode nos levar a escolha errada.
Outro ponto importante: deve-se sempre olhar os resultados projetados para o futuro, não os passados. Por exemplo, o lucro a ser utilizado para o cálculo do P/L é o de 2011 e 2012. Não o de 2010, pois já é passado e não necessariamente o resultado obtido no passado se repetirá no futuro.
Sobre operação “long/short”
3)“Nestas operações há alguma diminuição significativa do risco com relação à operação de compra simples? As operações seriam vantajosas em relação ao custo?” Ralph Albert Sommer.
O risco é menor especialmente se a operação é feita com classes de ações da mesma companhia. Vamos pensar em um caso extremo. Em uma compra simples, o preço da ação pode chegar a R$ 0,01, logo a perda do investidor seria de 100% do valor investido. Em uma operação “long short” entre ONs e PNs essa perda é muito improvável, pois a perda derivada da parte comprada seria pelo menos parcialmente compensada pela parte vendida. Por outro lado, o ganho é mais restrito também, a referência passa a ser o CDI ou títulos de renda fixa (IPCA + 5% a.a., como a NTN-B). Já numa compra simples, a referência seria os índices de mercado – Ibovespa, Ibrx-50. A operação “long/short” tem custo maior, pois há também corretagem quando o investidor vende a parte short e há ainda o custo do aluguel.
Sobre o setor imobiliário
4) “Será que a menor velocidade de vendas está prevista nos planos de negócios dos empreendimentos? Isso não pode deixar algumas incorporadoras em maus lençóis?” Marcelo Siqueira
As incorporadoras vêm apresentando forte crescimento de lançamentos e vendas desde 2006. Com isso começam a aparecer as ‘dores do crescimento’ – dificuldade na execução das obras (algumas companhias apresentaram estouro no orçamento como CCDI, Cyrela, MRV, Trisul), pois elas aumentaram bastante o número de canteiros, inflação de custos com a forte demanda por insumos e profissionais de construção civil, queda na qualidade de atendimento ao cliente, etc. Assim, uma desaceleração do ritmo de vendas é saudável para as companhias. Parece contraditório. Mas é benéfico para as companhias passarem a ter uma organização condizente com um novo patamar. As empresas cresceram muito em um curto espaço de tempo. Além disso, o ciclo operacional apresenta forte desembolso de caixa no início do projeto com aquisição do terreno, despesas de lançamento e início das obras. E a maior parte da entrada de caixa ocorre somente na entrega da unidade, cerca de 36 meses depois do lançamento, quando os contratos entre incorporadora e mutuário são repassados aos bancos. Assim, os empreendimentos lançados em 2007/08 devem estar próximos da entrega das chaves, o que deve trazer entrada de caixa. Com isso, as companhias passam a ser geradoras positiva de caixa, o que tende a reduzir a volatilidade das ações do setor. Até hoje, dado o forte crescimento, o setor teve um forte dispêndio de caixa. As ações líquidas negociando abaixo do valor patrimonial estão em níveis atrativos.
Fonte: ValorInveste