Contra solavancos
A alta ou a queda do dólar na prática pouco importa para o mercado financeiro, desde que ele esteja na ponta certa, na hora certa. O mercado trabalha com soma zero – entre comprados e vendidos – e isso traz oportunidades de ganho em qualquer direção. Mas variações extremas da moeda fazem diferença e pesam além das mesas de operações. No limite, podem levar à quebra de instituições.
“Desvalorização de 5% para cá ou 5% para lá é irrelevante do ponto de vista das mesas de operações porque a possibilidade de ganho existe. Mas quando o risco é de desvalorização de 30% ou mais, e especialmente em prazos curtos, a história é diferente”, comenta um experiente banqueiro ao blog.
A situação do país e do mercado é outra, insiste o banqueiro, que aponta o caso Marka e FonteCindam como exemplo. Essas instituições tiveram problemas em 1999, com uma guinada acentuada da taxa de câmbio, seguida pela ruptura do sistema de câmbio fixo e a adoção do câmbio flutuante.
Os riscos embutidos nas carteiras dos bancos explica, pelo menos em parte, a pressão do mercado para o governo voltar atrás na tributação dos derivativos cambiais com o IOF. Neste momento, de desvalorização do real, arquivar essa taxação ajudaria a tornar o mercado funcional novamente. A tributação de IOF de 1% sobre a variação das posições vendidas em câmbio dos bancos, fundos e empresas está em vigor desde o final de julho, mas o recolhimento do tributo está previsto para dezembro.
No governo, Banco Central e Fazenda divergem sobre o IOF em derivativos, relata Cláudia Safatle, em reportagem no Valor desta segunda-feira. A Fazenda, segundo fontes qualificadas do governo, não quer abrir mão da medida e pretende, pelo menos, que ela seja aprovada pelo Congresso Nacional para depois decidir o que vai fazer. Já o BC considera que a vigência da medida, nesse momento, está prejudicando o bom funcionamento do mercado.
Para os bancos, a ação do BC em swap cambial, o que ocorreu na semana passada, e a venda de reservas internacionais no mercado à vista, se necessário, são medidas que evitam mudanças dramáticas da taxa de câmbio e suas consequências.
Fonte: ValorInveste