Brasil não pode se deixar levar pela especulação, diz Steinbruch
Revelando a preocupação do setor industrial brasileiro com a variação do dólar, o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, criticou nesta segunda-feira a falta de ação do governo para evitar picos de oscilação cambial como os verificados nos últimos dias.
“O Brasil tem que exercer uma posição de liderança. Não pode se deixar envolver em posições especulativas”, comentou, referindo-se ao salto na cotação do dólar, que chegou a ultrapassar R$ 1,90 na semana passada. No começo de setembro, o dólar girava ao redor de R$ 1,60.
Steinbruch foi contundente ao afirmar que o setor manufatureiro brasileiro não tem condições de exportar devido ao alto custo de produção no país. “Estamos num grande risco de desindustrialização, não por falta de competitividade, mas pelas distorções que existem dentro do país. Não existe a menor possibilidade de o Brasil competir com a Ásia”, afirmou ao participar do 8º Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O vice-presidente da Fiesp ainda destacou que o Brasil está “sob ameaça severa de redução de atividade econômica e início de redução de emprego”, o que quebraria a corrente renda-emprego-consumo que, segundo ele, diferencia o país no cenário internacional. “O Brasil nunca esteve tão bem, enquanto os outros países nunca estiveram tão mal. Precisamos tirar proveito disso”, ressaltou. “O desconhecimento da crise ainda é muito grande. Essa crise parece ser muito mais séria do que estamos vendo”, complementou.
Fonte: Valor Econômico