Com saúde financeira em xeque, bolsas têm forte baixa

O movimento é de forte queda em Wall Street, onde o setor financeiro dita o rumo dos negócios. Há pouco, os papéis do Bank of America e do Citigroup recuavam 6,7% e 7,8%, respectivamente.

Os temores refletem reportagem do Wall Street Journal, mostrando que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) está averiguando a capacidade das filiais americanas de bancos europeus em manter um nível adequado de liquidez.
"Surgiram rumores de os bancos europeus estão com medo de repassar crédito no mercado interbancário. Não sabem em quem confiar, o que cria um risco sistêmico", apontou João Ferreira.
Segundo Ferreira, a expectativa é que o Banco Central Europeu (BCE) volte a comprar títulos de dívida.
Na segunda-feira (15/8), o BC europeu comprou € 22 bilhões em dívidas dos países da Zona do Euro. "Se pensar no volume do giro interbancário como um todo, é um valor muito baixo", disse.
Ele afirma que o real problema da economia mundial está na Europa. "A situação nos Estados Unidos está complicada, mas nenhum banco vai quebrar. Na pior das hipóteses, o país entra na UTI, mas a Europa ainda não tem um diagnóstico. São muitos países e cada um tem um problema específico", ponderou.
Os mercados de Wall Street apresentavam queda superior a 3%, enquanto na Europa a baixa ultrapassava os 4%.
Epicentro de toda preocupação, as ações de alguns bancos europeus chegavam a registrar queda de dois dígitos. Os papéis do Lloyds, Barclays e Société Générale perdiam 10%, 11,6% e 12,4%, nesta ordem.
Cena doméstica
O setor financeiro brasileiro também era penalizado neste pregão. Os papéis dos principais bancos operavam no vermelho e pressionavam o Ibovespa.
O índice paulista recuava 4,01%, aos 52.865 pontos. O giro financeiro rondava os R$ 3,619 bilhões.
Os ativos do Itaú Unibanco (ITUB4), Santander (SANB11), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) tinham baixa de 5,10%, 5,07%, 4,21% e 3,13%, respectivamente.
"O Ibovespa está acompanhando o movimento externo, e como tem muito espaço para cair lá fora, onde novas mínimas estão sendo atingidas, não descartamos um circuit breaker [paralisação técnica das operações", disse Ferreira.
Destaques
Entre as ações que compõem o índice paulista, as ordinárias da CCR (CCRO3) apresentavam a única valorização, com alta de 0,20%, aos R$ 45,15.
Na outra ponta, a maior queda do dia era dos papéis da Fibria (FIBR3), que depreciavam 7,04%, cotados a R$ 14,26.
Câmbio
O dólar operava em alta de 1,14% em relação ao real, cotado a R$ 1,6010 na compra e R$ 1,6020 na venda.


Fonte: Brasil Econômico