Portugal vai pedir ajuda financeira à União Europeia, anuncia Sócrates


O governo português "decidiu hoje mesmo dirigir um pedido de assistência financeira à Comissão Europeia", anunciou na noite desta quarta-feira (6), hora local, o primeiro-ministro demissionário, José Socrates, durante pronunciamento transmitido pela televisão.

Mais cedo, o ministro de Finanças de Portugal, Fernando Teixeira dos Santos, afirmara que o governo do país precisa recorrer aos mecanismos de financiamento da União Europeia (UE), diante das atuais condições do mercado de dívida.
"O país foi irresponsavelmente empurrado para uma situação muito difícil nos mercados financeiros", disse Teixeira, segundo o "Jornal de Negócios", declaração confirmada pelo ministério. "Perante esta difícil situação, que podia ter sido evitada, entendo que é necessário recorrer aos mecanismos de financiamento disponíveis no quadro europeu em termos adequados à atual situação política", acrescentou.
Portugal precisa resgatar cerca de 4,2 bilhões de euros em bônus em abril e mais 4,9 bilhões de euros em meados de junho. Embora pareça que o governo possui os fundos necessários para o primeiro pagamento, existem dúvidas sobre a capacidade de honrar o segundo pagamento. Hoje, Portugal pagou um preço alto para vender o volume máximo pretendido de 1 bilhão de euros em dívida de curto prazo em um leilão. Para vender a tranche (parcela) de papéis com vencimento em seis meses, o governo precisou oferecer ao investidor um rendimento médio de 5,117%, em comparação com 2,984% no leilão anterior, realizado em 2 de março. Já a tranche de papéis para 12 meses pagou um rendimento médio de 5,902%, em comparação com 4,331% em 16 de março.
O prêmio cobrado pelo mercado para comprar os papéis do governo já estava em patamares altos desde que o primeiro-ministro entregou seu pedido de renúncia ao presidente de Portugal. O valor voltou a disparar com o rebaixamento da nota de classificação de risco de Portugal pela Moody's ontem. Ao mesmo tempo, os bancos alertaram o banco central de Portugal de que não poderão financiar o governo indefinidamente, caso o rating (classificação de risco) do país continue caindo.
Os bancos têm comprado uma grande quantidade de títulos do governo para usá-los como garantia na tomada de empréstimo junto ao Banco Central Europeu (BCE) e, assim, financiar suas operações. Eles temem que, com o rebaixamento, os títulos do governo de Portugal possam deixar de ser elegíveis como garantias na tomada dos empréstimos.
Fonte: G1 Economia