Obama recorre a eleitores para obter apoio para seu plano de emprego
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta
sexta-feira aos eleitores para respaldarem seu plano de fomento do
emprego, avaliado em US$ 447 bilhões, após ter apelado aos legisladores
para deixar para trás suas divisões e respaldar suas medidas para
impulsionar a economia.
Obama começou uma série de visitas
que desenvolverá ao longo dos próximos dias por todo o país para
promover o plano que apresentou na noite passada às ambas as câmaras do
Congresso.
A parada escolhida para esta sexta-feira enviou
uma clara mensagem aos republicanos: o presidente foi a Richmond, na
Virgínia, o distrito eleitoral de Eric Cantor, o "número dois" desse
partido na Câmara de Representantes (Deputados).
Nos próximos dias deve efetuar deslocamentos similares a Columbus, em Ohio, assim como à Carolina do Norte.
Em
seu discurso desta sexta-feira perante quase 9.000 pessoas na
Universidade de Richmond, Obama assegurou aos eleitores que suas vozes
marcarão a diferença e servirão para pressionar de modo que os
legisladores acabem aprovando a medida.
"Cada proposta
desta iniciativa recebeu o apoio de democratas e republicanos no
passado, e por isso deveriam apoiá-la também agora. Isso só ocorrerá, no
entanto, se deixarem a política de lado um momento para enfrentar os
problemas dos EUA. E a única maneira de que o façam é se vocês
pressionarem", explicou.
"A medida dará um golpe para
reiniciar uma economia que encalhou", acrescentou o presidente,
repetindo várias vezes ao longo de seu discurso que "aprovem este
projeto de lei".
Até o momento, os republicanos se
mostraram pouco entusiastas em relação ao plano, que combina cortes de
impostos com investimentos em infraestruturas.
O
presidente da Câmara de Representantes, John Boehner, disse que "as
propostas que o presidente apresentou merecem consideração (...)
Esperamos que ele também considere de maneira séria as nossas
propostas".
Em contraste, o líder da minoria deste partido
no Senado, Mitch McConnell, assinalou: "Durante meses nos envolvemos em
um debate nacional sobre a necessidade de pôr nossa casa fiscal em
ordem, de controlar o Governo (...) e aqui estamos, com o presidente que
nos pede mais gasto público com a promessa de que já lhe ocorrerá como
pagá-lo".
Visto que o plano, batizado como Projeto de Lei
para os Empregos Americanos, requer o sinal verde do Congresso para sua
aprovação, a Casa Branca o dotou de elementos que podem agradar a ambos
os partidos.
Para atrair os republicanos, o plano contém
cortes de impostos que representam quase a metade do valor da medida,
segundo os cálculos da Casa Branca.
Dado que o partido da
oposição, e sobretudo seu corrente conservador conhecido como Tea Party,
fez da contenção do gasto público e do déficit fiscal sua grande
bandeira eleitoral, Obama prometeu também que o plano será completamente
pago.
Para isso prevê que o "supercomitê" que foi criado
no Congresso para identificar antes de dezembro US$ 1,5 trilhão em
cortes no gasto público some esse número ao custo do plano.
Além
disso, no dia 19 exporá, segundo antecipou, um plano complementar "mais
ambicioso" para combater o déficit fiscal e a dívida pública.
O
plano contém também iniciativas do agrado democrata, entre elas
extensões dos subsídios ao desemprego ou dotações para contratar de novo
professores demitidos por falta de fundos.
Se prevê
também o investimento em infraestruturas, incluindo a reabilitação de
imóveis vazios ou submissos à execução hipotecária.
Na atualidade, o desemprego nos EUA - a grande preocupação dos eleitores para as eleições de 2012 - está em 9,1%.
Isso
representa um problema para o presidente americano e suas aspirações à
reeleição, em um momento no qual sua popularidade está nos níveis mais
baixos de seu mandato, segundo as pesquisas.
Com o
discurso, o presidente também buscava recuperar a iniciativa política,
perdida nos últimos meses em favor de alguns republicanos que veem, pela
primeira vez, uma possibilidade real de assumir a Casa Branca no lugar
dos democratas no próximo ano.
Fonte: Último Instante