Investindo durante a crise: existem opções mais seguras na bolsa?
Que o investimento em ações é sempre considerado de risco ninguém discute. Entretanto, mesmo dentro do universo de renda variável, é possível procurar por ações que sejam mais “seguras” e que sofrem menos com as quedas do mercado, de acordo com especialistas.
O analista Adriano Moreno, ressalta que uma das maneiras de se “proteger” um pouco em momentos de crise é adquirir ações de empresas que pagam bons dividendos. Desta maneira, o investidor garante um rendimento por meio dos proventos, mesmo que o papel não tenha um desempenho tão significativo.
Além disso, de maneira geral, as ações de empresas pagadoras de dividendos costumam oscilar menos, tanto quando a tendência da bolsa é recuar, quanto quando a tendência é subir. Para se ter uma ideia, desde a sua criação pela BM&FBovespa, no dia 2 de maio deste ano, o IDIV (índice de dividendos) registrou desvalorização de 2,06% (até fechamento desta quinta-feira – 29). No mesmo período, o Ibovespa (principal índice da bolsa brasileira) acumula queda de 19,28%.
“As ações de empresas que são boas pagadoras de dividendos oscilam menos. Geralmente são empresas com um fluxo de caixa mais estável e com menos necessidade de investimentos”, afirma Moreno.
Setores
Ricardo Zeno, concorda e acrescenta que as empresas de setores como o de energia e de telecomunicações são as que mais costumam pagar proventos para os seus acionistas e cujas ações possuem menor volatilidade. “Se olharmos o índice de volatilidade, vemos Cesp (Companhia Energética de São Paulo), Cemig (Companhia Elétrica de Minas Gerais) com muito menos volatilidade do que companhias como GOL e Lojas Renner, por exemplo”, diz Zeno.
Ele ressalta que estes setores são conhecidos por serem inelásticos, ou seja, por mais que a economia enfrente problemas, a demanda por energia e outros serviços públicos não é tão afetada como acontece com outros setores. “Tanto em momentos de retração quanto de expansão econômicas, as pessoas continuam necessitando de serviços essenciais”, ressalta Zeno.
Segundo Zeno, em momentos como agora, com muita instabilidade internacional, as ações de empresas com atividades ligadas às commodities também costumam sofrer mais, por conta das oscilações das matérias-primas no mercado internacional.
Prova disso é o desempenho dos papéis da Vale. No acumulado do ano, as ações ordinárias da mineradora (VALE3) acumulam queda de 17,87%, enquanto os preferenciais classe “A” (VALE5) perderam 13,69%. Com a Petrobras a desvalorização é ainda maior: 29,18% das ordinárias (PETR3) e 26,92% das preferenciais (PETR4).
Small Caps
Zeno lembra que, se mesmo em tempos de calmaria nos mercados, investir em ações de segunda linha é mais arriscado, em momentos de crise e incertezas, os riscos são ainda maiores.
Isto porque estas ações possuem liquidez menor e costumam ter uma volatilidade bastante acentuada. “Se os papéis considerados de 1ª linha já estão oscilando bastante, imagina o dessas empresas. O risco é muito maior”, afirma.
Ao mesmo tempo, quanto maior o risco, maior também pode ser o retorno. “O beta dessas ações tende a ser ainda mais agressivo”, diz Zeno.
O beta da ação
Beta é o coeficiente que mede a sensibilidade de um ativo em relação ao comportamento do mercado. No Brasil, o beta tem como referência o Ibovespa e a relação de paridade entre a ação e o benchmark (índice de referência) se dá com beta igual a 1.
Se o beta da ação for 2, por exemplo, ele é considerado “agressivo” e a tendência é que aquele ativo reaja duas vezes mais forte do que o mercado. Por exemplo: se o Ibovespa cair 1% e o beta da ação for 2, a tendência é que aquela ação recue 2%.
O mesmo vale se o índice de referencia subir: neste caso, espera-se que a alta seja em dobro. “O cálculo do beta é feito por meio de algoritmos complexos, mas a maioria das corretoras disponibiliza este coeficiente para os clientes”, ressalta Moreno.
Fonte: InfoMoney