Como é medida a inflação?
Inflação é o tema da moda. Com o IPCA bem acima do centro da meta (7,3% nos últimos 12 meses) e a última decisão do Banco Central de baixar a SELIC, fica difícil não pensar que a coisa toda pode desandar. Neste post, no entanto, não vamos discutir Política Monetária. Quero aqui, seguindo sugestão de um leitor do blog, mostrar como o IPCA é “fabricado”. Claro, fabricado no sentido de feito, não no sentido de forjado, como parece ser o caso atual da Argentina. A sensação, no entanto, é de que TODOS os preços estão subindo bem acima da inflação oficial, o que faz muita gente desconfiar. Pretendo, pois, mostrar de onde vem essa sensação, que é verdadeira, mesmo que não haja (e aparentemente não há) manipulação do IPCA.
Em primeiro lugar, o IPCA mede a inflação média de famílias com renda entre 1 e 40 salários-mínimos (R$ 540 a R$ 21.600) mensais, das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Belém, Recife, Salvador, Fortaleza e Goiânia. Portanto, é uma média de famílias com rendas extremamente diferentes. Sabe qual é o problema das médias? Elas misturam coisas muito distintas, e o resultado é um número que não representa quase ninguém. No caso do IPCA, como existem muito mais famílias com renda mais baixa, a inflação tende a ser a que estas famílias sentem. E como isto acontece na prática?
Qualquer índice de inflação precisa partir de uma “cesta básica” de consumo. No caso do IPCA, esta cesta é formada pelos itens da tabela a seguir:
Note as duas colunas: elas representam os pesos de cada um dos itens hoje e há cinco anos. Perceba que o peso da alimentação foi o que mais subiu neste período (3 pontos percentuais), seguido de Serviços Pessoais (quase um ponto percentual). Ou seja, as famílias gastam hoje, em média, mais com alimentação do que há cinco anos. Isto pode ter acontecido pela aumento da sofisticação na alimentação ou pela inflação maior destes itens do que de outros, ou uma combinação de ambas. No caso de Serviços Pessoais, o impacto foi do aumento de Empregado Doméstico, que deve ter sido resultado do aumento considerável do salário mínimo no período.
E o que recuou na cesta de consumo das famílias? Principalmente Transportes (mais de dois pontos percentuais), Comunicação (mais de um ponto percentual) e Aparelhos Eletroeletrônicos e Combustíveis e Energia (ambos com 0,75 ponto percentual de queda). No caso de Transportes, o responsável foi o item automóvel, tanto novo quanto usado. Ou seja, o brasileiro tem gasto menos do seu orçamento para compra do carro novo, provavelmente pela queda relativa do preço. Já no caso de Comunicação, a queda se deve basicamente ao item Telefone Fixo, que vem sendo aos poucos substituído como forma de comunicação. Em Combustíveis e Energia, o que mais caiu foi Energia Elétrica Residencial, que provavelmente subiu menos que outros itens. Por fim, os Aparelhos Eletroeletrônicos vêm caindo de preço constantemente nos últimos anos.
Agora, compare esta lista com a sua própria cesta de consumo. Será que você gasta quase um quarto do seu orçamento com comida? Ou somente 7% com Educação? Certamente, esta não é a cesta de consumo da classe média. Por isso, cuidado ao considerar o IPCA como parâmetro para a sua própria inflação. É bem provável que não a represente fidedignamente.
- Dr. Money, como posso então calcular a minha própria inflação?
Não é assim tão simples, meu amigo. Em primeiro lugar, você precisa determinar a sua própria cesta básica. Isso pode ser feito a partir do seu orçamento anual. Veja, durante um ano, quanto você gasta em cada um dos itens acima. Esta é a sua cesta de consumo. Depois, e aí é o mais difícil, você precisa definir certos itens que representam cada uma das categorias acima. Por exemplo, no caso de alimentação fora do domicílio, escolha uns dois ou três restaurantes onde você normalmente come, e neles, alguns pratos mais típicos. Depois, é só acompanhar esses preços. E assim por diante, para cada um dos itens acima.
- Mas Dr. Money, isso dá muito trabalho!
Também acho, e por isso penso que não vale a pena. Uma outra forma, mais prática, é acompanhar o IPCA de maneira mais detalhada. No site do IBGE, você encontrará mensalmente a tabela da inflação da cesta básica com a variação de todos o itens, por cidade. Por exemplo, a tabela do mês de agosto para a cidade do Rio de Janeiro é a seguinte:
E o que recuou na cesta de consumo das famílias? Principalmente Transportes (mais de dois pontos percentuais), Comunicação (mais de um ponto percentual) e Aparelhos Eletroeletrônicos e Combustíveis e Energia (ambos com 0,75 ponto percentual de queda). No caso de Transportes, o responsável foi o item automóvel, tanto novo quanto usado. Ou seja, o brasileiro tem gasto menos do seu orçamento para compra do carro novo, provavelmente pela queda relativa do preço. Já no caso de Comunicação, a queda se deve basicamente ao item Telefone Fixo, que vem sendo aos poucos substituído como forma de comunicação. Em Combustíveis e Energia, o que mais caiu foi Energia Elétrica Residencial, que provavelmente subiu menos que outros itens. Por fim, os Aparelhos Eletroeletrônicos vêm caindo de preço constantemente nos últimos anos.
Agora, compare esta lista com a sua própria cesta de consumo. Será que você gasta quase um quarto do seu orçamento com comida? Ou somente 7% com Educação? Certamente, esta não é a cesta de consumo da classe média. Por isso, cuidado ao considerar o IPCA como parâmetro para a sua própria inflação. É bem provável que não a represente fidedignamente.
- Dr. Money, como posso então calcular a minha própria inflação?
Não é assim tão simples, meu amigo. Em primeiro lugar, você precisa determinar a sua própria cesta básica. Isso pode ser feito a partir do seu orçamento anual. Veja, durante um ano, quanto você gasta em cada um dos itens acima. Esta é a sua cesta de consumo. Depois, e aí é o mais difícil, você precisa definir certos itens que representam cada uma das categorias acima. Por exemplo, no caso de alimentação fora do domicílio, escolha uns dois ou três restaurantes onde você normalmente come, e neles, alguns pratos mais típicos. Depois, é só acompanhar esses preços. E assim por diante, para cada um dos itens acima.
- Mas Dr. Money, isso dá muito trabalho!
Também acho, e por isso penso que não vale a pena. Uma outra forma, mais prática, é acompanhar o IPCA de maneira mais detalhada. No site do IBGE, você encontrará mensalmente a tabela da inflação da cesta básica com a variação de todos o itens, por cidade. Por exemplo, a tabela do mês de agosto para a cidade do Rio de Janeiro é a seguinte:
Ou seja, o IPCA do Rio foi de 0,47%, sendo que Alimentação e Bebidas subiu 1,13%, e assim por diante. As inflações dos sub-itens, ponderadas pelos seus pesos, resultarão nos 0,47%.
Fonte: Finanças Pessoais