Aumento de temor com agravamento de crise europeia derruba mercados globais; Dólar emenda quinta alta

O agravamento da crise fiscal europeia voltou a centralizar as atenções dos mercados globais, levando as principais praças acionárias a encerrarem a jornada desta terça-feira em ligeira queda.


Nos Estados Unidos, o temor de piora na situação dos países da zona do euro, e consequente estagnação do crescimento global apagou a ligeira melhora do índice de atividade do setor de serviços e levou os títulos do Tesouro (Tresuries) a apresentarem a maior queda em 10 anos.

Contudo, o grande foco dos investidores em terras norte-americanas fica por conta do pronunciamento do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Ben Bernanke, previsto para a manhã de quinta-feira.

Na Europa, o tema crise voltou a ser o foco das atenções dos investidores, que desta vez voltaram suas atenções para a Grécia após afirmação da chanceler alemã Angela Merkel, que afirmou que o país só receberá outra parcela da ajuda após avaliação positiva da troica composta pela União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional.

Já na França, o governo local apresentou um plano de austeridade de € 12 milhões, para reduzir o déficit do país e estimular o crescimento da economia, contudo algumas medidas foram abandonadas, como a elevação da taxa de entrada para os parques temáticos e outras revistas, como o abandono do corte de impostos sobre ganhos de capital provenientes da venda de segundas casas.

Em meio ao crescente anúncio de planos de austeridade na região, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) afirmou em estudo que estas medidas podem não só não ter o efeito desejado como também piorar a situação, especialmente onde não houver crédito financeiro privado nem demanda de consumo das famílias.

O órgão afirma também que as economias emergentes, apesar de manterem um crescimento econômico forte, estão vulneráveis à crise, pois permanecem expostas aos movimentos de capitais especulativos gerados nos países desenvolvidos.

No campo das matérias-primas, o barril de petróleo do Brent com vencimento em outubro fechou em alta de 2,55% para terminar cotado a US$ 112,89 na Intercontinental Exchange Futures de Londres (ICE). O Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve) para entrega em setembro registrou baixa de 0,49%, fechando a US$ 86,02 por barril na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex).

No front acionário, as principais bolsas da Ásia encerraram o pregão desta terça-feira em queda, refletindo a preocupação dos investidores com o agravamento da crise de dívida soberana na Europa, diminuindo as perspectivas para a economia global.

Ao final desta jornada, em Taiwan, o referencial TSEC Weighted Index teve desvalorização de 2,44% aos 7.367 pontos; na Coreia do Sul, o referencial KOSPI Composite, da bolsa de Seul, perdeu 1,07% aos 1.766 pontos; na China, o índice SSE Composite, da bolsa de Xangai, desvalorizou 0,33% aos 2.470 pontos; na Índia, o índice BSE Sensex, da bolsa de Bombai, ganhou 0,89% aos 16.862 pontos; no Japão, o referencial Nikkei 225 da bolsa de Tóquio perdeu 2,21% aos 8.590 pontos; e em Hong Kong, o principal indicador, o Hang Seng, encerrou esta jornada em alta de 0,48%, aos 19.710 pontos.

Na agenda local não houve a divulgação de indicadores econômicas.

No velho continente, as principais bolsas europeias encerraram a jornada desta terça-feira em queda pelo terceiro dia consecutivo, atingindo o nível mais baixo em dois anos, refletindo o temor dos investidores de que o agravamento da crise fiscal na zona do euro.

Ao final desta jornada, em Frankfurt, o índice DAX 30 caiu 1%, aos 5.193 pontos; em Paris, o índice CAC-40 perdeu 1,13%, aos 2.965 pontos; em Milão, o índice FTSE-MIB perdeu 1,98% aos 14.049 pontos; em Londres, o índice FTSE-100 subiu 1,06% aos 5.156 pontos, e em Madri, o índice Ibex 35 teve queda de 1,61%, aos 7.936 pontos.

Na agenda local, as novas encomendas à indústria na Alemanha caíram 2,8% em julho em comparação com o mês anterior, quando houve alta de 1,8%. As informações são do Bundesbank.

O número veio pior do que as estimativas que apontavam queda de 1,4%. O dado de maio ante abril foi revisado, passando de 1,8% para 1,5%.

A economia da União Europeia (UE) e da zona do euro cresceu no segundo trimestre apenas 0,2% em relação aos três primeiros meses deste ano, segundo dados da agência europeia de estatística, a Eurostat, o que confirma as primeiras estimativas que já apontavam a um arrefecimento da atividade econômica.

Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) da UE aumentou 0,8% entre janeiro e março de 2011, no segundo trimestre o crescimento se reduziu a 0,2%, conforme a Eurostat.

Esta queda se deve à redução do consumo das famílias e à forte freada no avanço dos maiores países da UE, principalmente a Alemanha, que cresceu somente 0,1% na comparação com o trimestre anterior, e a França, cuja economia estagnou.

Em Wall Street, os principais índices acionários de Wall Street encerraram o pregão desta terça-feira em queda pelo terceiro dia consecutivo, refletindo a preocupação dos investidores de que o agravamento da crise fiscal europeia impeça a recuperação da economia global.

Ao final desta jornada, o índice industrial Dow Jones caiu 0,90% aos 11.139 pontos. O S&P 500 recuou 0,74% para 1.165 pontos; e a bolsa eletrônica Nasdaq perdeu 0,26% aos 2.473 pontos.

Na agenda local, o setor de serviços avançou em agosto, segundo o Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês).

O índice de atividade do segmento não industrial (de serviços) nos Estados Unidos registrou 53,3 pontos, ante o resultado de julho (52,7). O número veio acima da estimativa do mercado que apontava recuo para 51,2 pontos.

Por aqui, após abertura em baixa, a Bolsa de Valores de São Paulo encerrou a jornada desta terça-feira em alta de 2,93% aos 56.607 pontos, revertendo duas sequências de queda. O giro financeiro foi de R$ 6.276 bilhões.

Do lado cambial, o dólar comercial encerrou as negociações de hoje em alta pelo quinto dia consecutivo. No interbancário, a divisa encerrou cotada a R$ 1,655 na compra e R$ 1,656 na venda, alta de 0,37%.

No mercado futuro, o contrato para outubro negociado na BM&F operava em alta de 1,11% a R$ 1,673.

O Banco Central interferiu apenas uma vez no câmbio para compra de dólares no mercado à vista. A taxa praticada foi de R$ 1,6605.

Na renda fixa, os Contratos de Depósito Interfinanceiro (DIs) encerraram sem uma direção única nesta terça-feira na BM&F. O que se viu foi uma ligeira alta na ponta mais curta e expressivas quedas na ponta mais longa da curva dos juros.

Perto do fechamento, os contratos para agosto de 2011 subiam 0,01 p.p a 11,89%; os vencimentos para janeiro de 2012 tinham alta de 0,03 p.p a 11,40%; os contratos para janeiro de 2013 apresentavam elevação de 0,04 p.p a 10,63%; os vencimentos para janeiro de 2014 perdiam 0,01 p.p a 11,86%; os contratos para janeiro de 2017 cediam 0,13 p.p a 11,15% e os vencimentos para janeiro de 2021 tinham queda de 0,12 p.p a 11,29%

Na agenda doméstica, o IGP-DI variou 0,61% em agosto. A variação registrada em julho foi de -0,05%, de acordo com informações da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Já o IPCA de agosto obteve elevação de 0,37%, 0,21 p.p acima do resultado de julho, de acordo com relatório divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Fonte: Último Instante