Volatilidade das bolsas pode afetar quem não investe em ações?
Para quem investe em ações, 2011 tem sido um ano de fortes emoções. Com as turbulências e incertezas econômicas vindas da Europa e dos Estados Unidos, a bolsa ficou ainda mais volátil em agosto e chegou a flertar com o circuit braker – mecanismo que interrompe as negociações por 30 minutos, quando a queda do Ibovespa chega a 10% - no pregão do último dia 8.
Nos últimos dias, o desempenho da bolsa foi um pouco melhor, mas, no ano, as perdas do Ibovespa superam os 21%. Mas e para quem não possui investimentos em ações? Será que as perdas da bolsa também podem ter algum tipo de influência?
De acordo com Sérgio Quintella quem não possui investimentos em renda variável também pode ser influenciado pela queda da bolsa, mas de maneira indireta. “Existe um efeito psicológico de ver o mercado acionário em forte queda".
Segundo o especialista, por mais que a economia do País esteja em um bom momento, existe uma preocupação natural da população pelo fato de o noticiário apontar o “derretimento” das bolsas de valores.
“O Brasil está bem, é um País que cresce para dentro. Apenas 15% do nosso PIB (Produto Interno Bruto) é referente a exportações. Nossa economia está aquecida, tem eventos esportivos importantes previstos para acontecer e mesmo assim a bolsa cai”, afirma Quintella. “É a economia que deveria influenciar a bolsa e não o contrário”, completa.
Risco de recessão global
De acordo com o Gerente de Gestão de Investimentos da consultoria Lecca, Georges Gerbauld Catalão, o maior problema evidenciado pelas fortes quedas nas bolsas de valores é o risco de recessão global, que tem aparecido no noticiário constantemente, por conta dos desdobramentos da crise internacional.
“Em caso de uma recessão, todos iriam sofrer bastante. A economia para de crescer, o desemprego aumenta e isso reflete em toda a população, independente de ser ou não investidor”, afirma Catalão.
Entretanto, o profissional não acredita que isso possa acontecer com a economia brasileira. “Estamos longe desse ponto”, acredita.
Medo de entrar no mercado
Para o Márcio Cardoso aqueles que ainda não investem em ações também tendem a ficar mais receosos para ingressar neste mercado, em meio a um cenário de tanta incerteza. “Os possíveis novos investidores podem ficar retraídos neste momento”, aponta.
Entretanto, segundo os especialistas, este pode ser um bom momento para começar a investir, pensando em um horizonte de longo prazo. “O importante é olhar para a empresa, analisar os fundamentos e os resultados da companhia. Você tem que pensar que vai virar sócio e acompanhar o desenvolvimento da empresa”, diz Cardoso.
O gestor da Lecca também acredita que o momento atual pode trazer boas oportunidades.“Esta é uma excelente hora para comprar, existem muitas ações que estão 'baratas'”, afirma Georges Catalão.
Para ele, o ideal é montar a carteira de forma gradual. “O mercado ainda está muito volátil, então, é preciso pensar no longo prazo”, diz. O diretor da Valore concorda. “A nossa recomendação é continuar comprando aos poucos e aproveitar os preços atuais”, conclui Quintella.
Fonte: InfoMoney