Risco de "círculo vicioso" nos EUA aumenta as chances de recessão global
Os últimos acontecimentos envolvendo a economia mundial tem piorado a percepção do mercado acerca da recuperação das principais economias do mundo. No entanto, o principal agravante desse cenário de deterioração vem justamente da situação atual da economia dos Estados Unidos.
Durante o evento “Economia Global: riscos e oportunidades”, promovido pelo Principal Financial Group na manhã desta quinta-feira (18) em São Paulo, o economista-chefe da Principal Global Investors, Robert Baur, explicou que a principal economia do mundo tem enfrentado um sério problema por conta das suas receitas serem inferiores aos seus gastos.
Para ele, esse é um dos únicos sinais de uma possível recessão mundial, já que o país apresenta diversos outros fatores dificilmente presenciados em momentos como esse. “As taxas de juros estão baixas, os lucros das empresas estão crescendo, o crédito está barato e os estoques e a inflação estão baixos. Então o que há de errado com os Estados Unidos? A resposta: os gastos”, disse Baur durante sua apresentação.
Por conta disso, ele chama atenção para a possível formação de um círculo vicioso na economia dos EUA: com o aumento dos gastos, as empresas deixam de investir, param de contratar, a taxa de desemprego não diminui, a falta de confiança segue pressionando o consumo, a economia não avança e as empresas seguem investindo menos, repetindo o ciclo.
Diante disso, ele acredita que há 40% de chance de que a economia mundial entre em um downside. Nesse cenário, ele prevê um crescimento extremamente lento da atividade norte-americana nos próximos trimestres.
Erros políticos também pesam
Além dos evidentes sinais de dificuldades no âmbito fiscal tanto nos Estados Unidos quanto de alguns países da Europa, Baur também aponta os “erros políticos” como um dos outros fatores que têm pesado negativamente no humor dos mercados nas últimas semanas.
Esses erros, segundo ele, podem ser vistos nos dois lados do oceano. Na Europa, o risco de contágio da crise fiscal para economias com maior representatividade na Zona do Euro – como Itália e Espanha – tem deprimido os investidores. Já nos EUA, o foco fica com a decisão acerca do acordo de aumento do teto da dívida local.
“O desfecho que ele teve desapontou o mercado”, disse Baur, lembrando ainda do corte do rating norte-americano anunciado pela agência de classificação de risco Standard & Poor's no começo desse mês, tendo sido o primeiro rebaixamento da nota de crédito da economia do país na história.