Resumo comentado das notícias da semana - Por Mirian Leitão


Ata do Copom: Divulgada esta semana, o documento indica, nas entrelinhas, que os juros vão parar de subir. O BC acha que houve melhora no cenário da inflação, "deterioração adicional do mercado internacional" e que isso tem efeitos ambíguos sobre a economia brasileira.


Ou seja, está mais tranquilo com relação à inflação e não sabe muito bem como essa piora da crise internacional vai nos afetar. O BC não disse com todas as letras, mas os analistas, vendo as afirmações e as omissões da ata, concluíram que ele está preparando o terreno para dizer que levará a inflação para a meta de 4,5% em 2013, não no ano que vem. 

Combustíveis: O governo anunciou que o plano para o álcool terá R$ 4,1 bi da Petrobras e linhas com juros mais baixos e prazos mais longos (BNDES e BB). Isso não resolve, porque falta um diagnóstico e uma estratégia para enfrentar o problema. A Petrobras está importando mais gasolina por conta do aumento do consumo, mas compra por R$ 1,35 e a vende por R$ 1,05. E vai importar um bilhão de litros de álcool. O presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, chegou a dizer que o preço da gasolina, que está congelado, aumentaria, mas depois recuou.

Medidas cambiais: Depois de o dólar ter registrado queda vários dias, o governo anunciou medidas para conter o excesso de valorização do real. Não resolvem o problema, mas estão na direção certa. O que se quer é evitar o excesso de especulação no mercado futuro (de derivativos). O diabo está nos detalhes e o mercado financeiro disse que as medidas são confusas em seus detalhes operacionais e, por isso, o governo decidiu adiar a vigência do IOF sobre a posição vendida. 

Impasse continua nos EUA: Republicanos e democratas ainda não chegaram a um acordo sobre a elevação do teto da dívida. Hoje, Obama fez outro pronunciamento: pediu que democratas e republicanos cheguem a um acordo, a um terreno comum, para que ele possa assinar até terça-feira.

Disse que o país está quase sem tempo e que se não chegarem a um acordo, perderão a nota AAA, "porque não tiveram um sistema político com nota AAA". "Os que são contra aumentar impostos: se tivermos a nota rebaixada, eles vão subir". Pediu de novo que os eleitores se manifestem: "se vocês quiserem acordo dos dois partidos, com uma lei que eu possa assinar, escrevam para os congressistas". Disse ainda que qualquer solução precisa ter apoio dos dois partidos, não de um só. "Estou confiante que vamos resolver o problema".

Economia americana com dados conflitantes: Dados divulgados hoje mostram que o PIB dos EUA cresceu 1,3% (taxa anualizada) no 2º tri, abaixo do esperado (1,8%), puxado pela baixa expansão do gasto dos consumidores. A recuperação é fraca, e o país não consegue gerar emprego, mas os dados de pedidos de seguro-desemprego caíram um pouco.

Crédito forte: Dados do BC mostram que o crédito avança a uma taxa anual de 20%, ritmo acima do desejado pelo BC. Taxa de juros caíram em junho, mas ainda são assustadoramente altas, e a inadimplência ficou estável.

Contas externas - No primeiro semestre, o déficit em transações correntes bateu recorde: ficou em US$ 25,5 bilhões, puxado pelos gastos dos turistas no exterior. O rombo foi financiado pela entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED), que também bateu recorde (US$ 32,5 bilhões).

Estudo da Unctad mostrou que o Brasil subiu em 2010 para o 5º lugar no ranking de países que mais receberam investimento estrangeiro direto.

Superávit primário: O BC divulgou hoje que o setor público registrou superávit primário de R$ 13,370 bilhões em junho, superior aos R$ 2,179 bilhões do mês anterior. Em 12 meses até junho, ficou em R$ 137,830 (3,54% do PIB).

Nos dados divulgados tanto pelo BC quanto pelo Ministério da Fazenda, a constatação é a mesma: o superávit primário subiu porque a arrecadação subiu, mas os gastos do governo continuaram aumentando e com o mesmo erro: despesas de custeio crescem mais rapidamente, investimentos crescem num ritmo fraco.

Dilma dá entrevista: Disse que não vai derrubar a inflação com o risco do crescimento zero na economia. 

Eleições antecipadas na Espanha - Zapatero disse que era o momento de anunciar a antecipação - de março para novembro, porque a economia dá sinais positivos. Mas o desemprego ainda está alto - entre os jovens bateu novo recorde (46,12%), e os juros cobrados pelo mercado continuam crescendo. A Moody´s disse hoje que estuda rebaixar a nota do país.


Fonte: Mirian Leitão