Após Copom, analistas têm dúvidas quanto à trajetória da Selic
SÃO PAULO - A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 12,50% ao ano, já era amplamente esperada e não surpreendeu o mercado financeiro. A novidade ficou mesmo por conta do comunicado do BC.
Na avaliação dos economistas, o documento sofreu alterações importantes, diante da ausência da frase afirmando que o ajuste das condições monetárias seria estendido por tempo “suficientemente prolongado (...) para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012”.
A exclusão do termo, de acordo com os economistas da Rosenberg & Associados, "poderia ser entendido como uma indicação de que o Copom considera que o ciclo de ajuste da taxa Selic aproxima-se do fim". "Isso deve, portanto, provocar dispersão de expectativas quanto à trajetória da taxa básica de juros", avalia a equipe da LCA Consultores.
Ciclo de alta pode continuar
A despeito da mudança no comunicado, os especialistas da LCA Consultores e da Rosenberg & Associados entendem que o ciclo de aperto monetário ainda se estenderá.
A expectativa, de acordo com as instituições, apoia-se nos dados recentes que evidenciam o persistente quadro de reduzida ociosidade na economia doméstica – em particular no mercado de trabalho –, ambiente que dificulta a desaceleração da inflação e a descompressão das expectativas inflacionárias.
A Rosenberg & Associados cita ainda que, em geral, uma reunião antes de qualquer alteração de rumo da política monetária, há uma menção do tipo: "O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação com vistas a definir tempestivamente os próximos passos de sua estratégia de política monetária". A ausência da frase, segundo a consultoria, poderia sinalizar pelo menos mais uma elevação da Selic.
Destaque para o comunicado que contém a locução “neste momento” para qualificar a alta e não a oportunidade da decisão. Por isso, "fica aberta a porta para mais altas, mesmo porque a expectativa sobre a inflação é de reversão do acumulado em 12 meses em setembro ou outubro".
Entidades lamentam
Apesar do aumento de 0,25 p.p. do juro básico já ser amplamente esperado pelo mercado, as entidade de classe se opõem a decisão do Copom e alertam para os impactos da medida na produção e no consumo.
Defendendo a manutenção da taxa, o presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Rogério Amato afirma que "a Selic já está muito elevada e seu impacto vem se fazendo sentir mais na produção do que no consumo, além de contribuir para uma valorização ainda maior do real”.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, concorda e diz que a medida vai trazer impactos negativos ao setor. “O quinto aumento consecutivo [neste ano] da taxa de juros vai acelerar a desindustrialização e poderemos ter perdas de postos de trabalho, agravando os sérios problemas que já enfrentamos com a competitividade brasileira”, alerta.
Para a Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), a alta da Selic “aumenta a distância entre a taxa de juros praticada no Brasil e o padrão internacional”.
“Os diretores do Banco Central acabaram por desferir um duro golpe no bolso do cidadão comum, que terá de arcar com custos ainda maiores em financiamentos, além de conviver com os juros reais mais altos do mundo”, reforçou o presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), Roque Pellizzaro Junior, após o anúncio do aumento.
Ciclo de alta pode continuar
A despeito da mudança no comunicado, os especialistas da LCA Consultores e da Rosenberg & Associados entendem que o ciclo de aperto monetário ainda se estenderá.
A expectativa, de acordo com as instituições, apoia-se nos dados recentes que evidenciam o persistente quadro de reduzida ociosidade na economia doméstica – em particular no mercado de trabalho –, ambiente que dificulta a desaceleração da inflação e a descompressão das expectativas inflacionárias.
A Rosenberg & Associados cita ainda que, em geral, uma reunião antes de qualquer alteração de rumo da política monetária, há uma menção do tipo: "O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação com vistas a definir tempestivamente os próximos passos de sua estratégia de política monetária". A ausência da frase, segundo a consultoria, poderia sinalizar pelo menos mais uma elevação da Selic.
Destaque para o comunicado que contém a locução “neste momento” para qualificar a alta e não a oportunidade da decisão. Por isso, "fica aberta a porta para mais altas, mesmo porque a expectativa sobre a inflação é de reversão do acumulado em 12 meses em setembro ou outubro".
Entidades lamentam
Apesar do aumento de 0,25 p.p. do juro básico já ser amplamente esperado pelo mercado, as entidade de classe se opõem a decisão do Copom e alertam para os impactos da medida na produção e no consumo.
Defendendo a manutenção da taxa, o presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Rogério Amato afirma que "a Selic já está muito elevada e seu impacto vem se fazendo sentir mais na produção do que no consumo, além de contribuir para uma valorização ainda maior do real”.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, concorda e diz que a medida vai trazer impactos negativos ao setor. “O quinto aumento consecutivo [neste ano] da taxa de juros vai acelerar a desindustrialização e poderemos ter perdas de postos de trabalho, agravando os sérios problemas que já enfrentamos com a competitividade brasileira”, alerta.
Para a Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), a alta da Selic “aumenta a distância entre a taxa de juros praticada no Brasil e o padrão internacional”.
“Os diretores do Banco Central acabaram por desferir um duro golpe no bolso do cidadão comum, que terá de arcar com custos ainda maiores em financiamentos, além de conviver com os juros reais mais altos do mundo”, reforçou o presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), Roque Pellizzaro Junior, após o anúncio do aumento.
Fonte: InfoMoney