Com apetite por risco abalado, bolsas externas voltam a registrar queda

SÃO PAULO - Os principais mercados de ações internacionais voltam a operar sob pressão nesta quarta-feira (8), com a deterioração das expectativas relativas à economia dos EUA, bem como os sempre presentes temores sobre as dificuldades financeiras na periferia da Zona do Euro.Internamente, os investidores dividem suas atenções entre o cenário político, com a saída de Antônio Palocci da Casa Civil, e a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), a ser anunciada após o encerramento do pregão.

Momentum negativo
As bolsas europeias registram  perdas com maior intensidade nesta sessão, ainda incorporando as perdas dos mercados globais após seu fechamento na véspera, disparadas pela fala pessimista de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, sobre a economia dos EUA. Nem mesmo os dados melhores que o esperado sobre a indústria alemã são capazes de reverter o sentimento negativo.

Amplamente em linha com as expectativas do mercado, a Eurostat - agência oficial de estatísticas da Comissão Europeia - divulgou nova revisão sobre o PIB (Produto Interno Bruto) da Zona do Euro no primeiro trimestre deste ano, cujo crescimento foi de 0,8% na passagem trimestral.

Também os contratos futuros sobre os principais índices de ações nos Estados Unidos apontam para uma abertura em queda, diante da interpretação desfavorável sobre a economia do país e a incerteza sobre a continuação dos estímulos monetários quantitativos do Federal Reserve.

"O apetite por risco permanece frágil e o discurso de Bernanke fez pouco para apoiar os ativos de risco", avaliou o analista do Danske Bank, Kasper Kirkegaard, que ainda avalia como pequena a chance de uma nova rodada de estímulos quantitativos após o fim do programa QE2, neste mês.

Como pano de fundo da instabilidade nos mercados globais, o noticiário sobre a crise fiscal na Zona do Euro continua ativo. Desta vez, o ministro de finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, defendeu uma participação dos detentores privados de títulos da dívida grega em novo pacote de ajuda para Grécia. Na véspera, o chefe do BCE (Banco Central Europeu) Jean-Claude Trichet, sinalizara o mesmo.

Dois rios
Após o arquivamento do pedido de investigação sobre o enriquecimento de Antônio Palocci, a Casa Civil anunciou o pedido de renúncia de seu ministro-chefe, que será substituído pela senadora petista Gleisi Hoffmann. A expectativa é que as funções de coordenação política sejam deixadas pela nova titular da pasta, focada no gerenciamento de projetos.

Segundo o economista do banco Société Générale, Alejandro Cuadrado, a saída de Palocci do ministério "colocará fim ao ruído político" das últimas três semanas. Entretanto, "o efeito geral sobre os mercados deverá ser relativamente neutro", diz Société Générale.

As expectativas domésticas também serão balizadas pela decisão da autoridade monetária. Espera-se que o Copom eleve em 0,25 ponto percentual a taxa Selic, a despeito da melhora recente nas expectativas e dos indicadores sobre inflação.

Fonte: InfoMoney