Ação da BR Foods despenca 6,27%, com relator do Cade apontando prejuízos da fusão

SÃO PAULO  - Acentuando suas perdas durante a tarde, juntamente com o início do julgamento do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre a fusão entre Sadia e Perdigão, as ações da Brasil Foods (BRFS3) despencaram 6,27% nessa quarta-feira (8), liderando as perdas do Ibovespa na sessão, fechando cotadas a R$ 26,15. O índice paulista, por sua vez, recuou 0,29%.
 
No intraday, os papéis BRFS3 chegaram a ser negociados a R$ 25,74 - mínima do do dia -, indicando uma queda de 7,74%. Além disso, o volume financeiro movimentado pelas ações da companhia somaram R$ 353,86 milhões, o terceiro maior dentre os papéis negociados na Bovespa, atrás apenas das tradicionais Vale PNA (VALE5) e Petrobras PN (PETR4).
 
Julgamento
O julgamento da fusão, que começou às 10h, ainda está em curso e o relator do processo, Carlos Emmanuel Joppert Ragazzo, afirmou ver dificuldades na entrada de concorrentes em diversos mercados de atuação, como empanados de frango, margarinas, mortadelas, etc. Em outros mercados, a entrada de concorrentes foi vista como "improvável".
 
Além disso, Ragazzo afirmou ao final de seu parecer que apesar da complexidade do processo, a conclusão é clara e raramente se apresenta de forma tão simples em processos antitruste. "Não há margens para dúvidas (...) aprovação dessa operação como está deve gerar altas de preço e prejuízos extremos ao consumidor", disse o relator.
 
Segundo ele, nenhuma marca pode competir com Sadia e Perdigão a não ser elas mesmas, já que a preferência do consumidor e a falta de capacidade das demais companhias impedem uma entrada no mercado.

Restrições
A expectativa do mercado é que a fusão não seja aprovada sem restrições. O Citigroup, por exemplo, alertou que há uma chance de 90% para a venda de marcas da empresa, em quatro cenário traçados pelos analistas Carlos Albano e Marcio Kawassaki.
 
Cabe lembrar que, em junho do ano passado, a Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda) recomendou que o Cade aprove a operação entre as duas companhias, mas "com restrições que englobem aspectos estruturais e comportamentais".
 
Fonte: InfoMoney