Saia de férias, mas não volte endividado
Tem brasileiro que não se aguenta mais. Já entrou em contagem regressiva para as férias de janeiro. É o seu caso? Parabéns! Divirta-se. Descanse. Recarregue as baterias. Mas leve na bagagem uma dica. Por mais que o destino seja maravilhoso e a companhia seja perfeita, não se empolgue demais nos gastos não planejados. Ou você pode voltar para casa com a mala cheia de problemas. E o orçamento furado.
Calma. Ninguém quer agourar a sua viagem dos sonhos. Só alertar que um pouco de planejamento também faz bem para as férias.
“Seja a pessoa viajando sozinha, um casal sem filhos ou uma família inteira, o importante é tentar estabelecer um orçamento de gasto diário e ficar naquele limite”, afirma o economista Luiz Maia, professor da UFRPE e autor do blog Educação de Bolso. Ele dá um exemplo. Uma família planeja gastar R$ 3 mil em dez dias para curtir uma praia. São R$ 300 por dia. O ideal é conversar com todo mundo e informar sobre a cota, para que ninguém invente um passeio de asa delta “extra” que custa R$ 250.
O que não quer dizer que não dê para fazer o passeio. Desde que ele seja discutido antes e entre nas despesas. Luiz Maia recomenda que os “extras” sejam pesquisados na hora de montar o orçamento. Mesmo que o pagamento seja feito no local, dá para pesquisar antes pela internet. “Se houver bom senso, ninguém precisa se privar”. Uma boa pesquisa pode mesmo ter um grande efeito no bolso. “Independente do destino, é preciso planejar o que vai fazer no dia seguinte”, conta a jornalista Rafaela Aguiar.
Em conjunto com Sabrina Medeiros e Juliana Sauvé, Rafaela edita o blog Las mochileras de tacón. Para ela, com a pesquisa dá para saber antes quanto se vai gastar com a entrada do museu. E descobrir que há promoção para estudantes e idosos. Melhor: dependendo do dia, pode sair de graça. É assim, por exemplo, com o Louvre, em Paris. Você não paga nada para entrar no primeiro domingo de cada mês. Já no Museu do Vaticano, a gratuidade é no último domingo de cada mês.
“É claro que vai ter mais gente. Mas você economiza. Depois pode usar o dinheiro para outra coisa”, diz Rafaela. Outro ponto para ficar alerta é o uso do celular. Existem pacotes que incluem ou não o roaming (a tarifa de deslocamento). “Às vezes, as pessoas não se dão conta e acabam pagando muito por usar o serviço de dados ou voz”, lembra Luiz Maia. Melhor falar com a operadora antes de viajar. O economista também alerta para outras armadilhas. O “prato do dia” dos restaurantes, por exemplo. No menu dá para encontrar opções mais baratas e gostosas.
Nas viagens ao exterior, você vai achar os eletrônicos, os perfumes e um monte de coisa bem mais barato que no Brasil. “Cortesia” da nossa carga tributária. A tentação, portando, será grande. Mas não dá para trazer tudo sem pagar impostos. O iPad, sonho de consumo dos ligados em tecnologia, é muito mais barato lá fora. Mas o viajante deve pagar o imposto na Alfândega. Última coisa. Sempre existem os gastos imprevisíveis. “Se a gente faz um orçamento de R$ 3 mil, deve se preparar para gastar R$ 3,3 mil.” Extrapolar um pouco pode. Mas só um pouco.
Cuidado com o cartão
É tão certo quanto “depois do três vem o quatro”. Muita gente, apesar de levar dinheiro em espécie, começa a usar o cartão de crédito como se não houvesse amanhã quando está viajando. “Depois, quando volta, é aquele Deus nos acuda para pagar”, diz o economista Luiz Maia. Cartão de crédito não é pecado. E pode ser a salvação em uma situação de emergência. Mas é preciso fazer uma estimativa e ir anotando todas as compras feitas com o dinheiro plástico. Até chegar a um limite pré-estabelecido.
Já o cartão de débito pode ser uma boa opção para não ter de levar tanto dinheiro in natura na carteira. Mas sempre com um limite ou a conta ficará zerada. Nas viagens internacionais, o cartão de crédito não é muito bem visto pelos analistas. Ainda assim, é muito usado. Em outubro, os pagamentos com cartão responderam por 60,8% dos débitos de brasileiros fora do país, segundo o Banco Central. “A primeira coisa que eu aconselho é ir juntando grana com antecedência para evitar usar o cartão”, diz Rafaela Aguiar, do blog Las mochileras de tacón.
Ela lembra que, apesar que usar a cotação do dólar comercial, a fatura chegará um mês depois do fim da viagem. “A conta pode sair mais cara, especialmente com este câmbio incerto de hoje”, alerta Rafaela. Mas se comprar no free shop de retorno ao Brasil, a conversão é imediata para real. Nas viagens internacionais, Rafaela prefere o cartão de débito pré-pago tipo Visa Travel Money, que é carregado aqui mesmo no Brasil. Se sobrar dinheiro, a pessoa pode resgatar ou deixar guardado para a próxima viagem.
Fonte: Finanças Pessoais