Como montar uma Reserva de Emergência com Títulos Públicos?
Como o próprio nome diz, a Reserva de Emergência é uma parcela do seu patrimônio que serve para cobrir imprevistos. Para brincar com as palavras, existem os “imprevistos previsíveis” (perder o emprego, ser roubado, sofrer um acidente, ter alguma doença, etc), e os “imprevistos imprevisíveis” (qualquer outra coisa). O ponto central é que nunca estamos esperando que esses imprevistos aconteçam. Também vale destacar que o planejamento para a compra de um bem ou qualquer outro evento planejado não entram nessa categoria.
O dimensionamento de uma reserva de emergência é muito pessoal, não existe uma regra. Ela pode ser tão maior quanto maiores os seus gastos mensais, seu nível de vida, tamanho da família, idade, etc. Tipicamente fala-se em 6 a 12 vezes o gasto mensal da família (você + dependentes), ou seja, o suficiente para manter o padrão de vida por cerca de 1 ano. Há ainda a possibilidade de reduzir os gastos nessa ocasião, o que pode prolongar a duração desta reserva. Esse período de cobertura permite que você resolva o seu problema racionalmente ou até planeje um “desinvestimento” de outras partes do seu patrimônio sem desespero (vender imóveis, resgatar aplicações sem liquidez ou que não estão num bom momento, etc). Um dos maiores ganhos com a reserva de emergência será não prejudicar o retorno dos demais investimentos.
Você já imaginou se um desses imprevistos acontece? Provavelmente você não terá muito tempo para transformar sua reserva de emergência em dinheiro (imóvel não é o ideal para reservas de emergência), nem poderá ficar esperando um momento melhor para resgatá-la (ações também não parecem a melhor opção). Por estes motivos os recursos da reserva de emergência devem ser investidos sempre em aplicações com liquidez e de baixo risco.
Onde investir?
Os títulos públicos são a aplicação financeira de menor risco possível, por isso são boas alternativas para esta reserva. Além disso, o Tesouro Direto oferece liquidez semanal para qualquer título, preenchendo os dois requisitos para a reserva de emergência.
O título público ideal para esse caso é aquele que tem seu valor sempre crescendo, “que não perde nunca”. Logo, a LFT é a escolha mais indicada.
Escolhido o título, falta apenas escolher o vencimento. Escolha sempre o mais longo possível. O retorno de qualquer LFT é sempre o mesmo, independente do vencimento. A escolha do vencimento está diretamente relacionada à tributação e aos custos de resgate antecipado e reinvestimento.
O resgate antecipado tem um custo, mas é muito baixo. No Tesouro Direto, a recompra é garantida com um pequeno desconto em relação ao preço de venda do dia. Esse desconto é o equivalente a alguns dias de rendimento do título e pode, portanto, ser ignorado numa emergência.
Escolhendo o prazo mais longo também significa que:
1. Você não terá trabalho e custos para reinvestir os títulos que vencerem a toda hora (exemplo: taxa de negociação de 0,10% pagos em cada compra); e
2. Você terá mais chance de só resgatar seus recursos com uma alíquota de IR mais baixa. Lembre-se que quando você reinveste os recursos de um título que venceu, o prazo de investimento começa a contar novamente. A alíquota decresce com o aumento do prazo de investimento.
Hoje o investimento mínimo em LFT no Tesouro Direto é cerca de R$ 1.000, que pode parecer alto para aportes regulares. No entanto, isso deixa de ser um empecilho se houver uma aplicação inicial mais significativa e “ajustes de tamanho” com uma periodicidade maior (anual, por exemplo). A reserva de emergência realmente não é algo que deva ter aportes regulares.
Outra alternativa para a reserva de emergência pode ser a escolha de um fundo de investimento adequado. Normalmente os fundos de investimento com esse objetivo também investem em títulos públicos, e por serem um condomínio para muitos investidores e com gestão profissional, podem oferecer mais benefícios (liquidez diária, investimentos menores, menos custos, etc). Falaremos mais sobre isso num artigo específico!
Fonte: FinancasPessoais