Como cuidar do orçamento em época de crise?
O risco de uma recessão na economia, o desemprego, o medo de que a inflação volte a assolar o País - impulsionada também pela alta do dólar. Uma crise econômica pode fazer estragos devastadores na economia e afetar diretamente o cotidiano dos consumidores.
Segundo especialistas, é possível passar por momentos de maior turbulência sem ter a vida drasticamente afetada, mas, para isso, é importante que sejam tomados alguns cuidados. De acordo com o planejador financeiro Valter Police, o consumidor deve manter alguns princípios básicos para lidar com seu dinheiro, tanto em épocas de crise quanto em momentos de maior tranquilidade econômica.
“É preciso equilibrar os prazeres imediatos com o planejamento do futuro, vivendo o hoje também pensando no amanhã”, aconselha.
Cuidado com as dívidas
Para Police, um dos pontos fundamentais que o consumidor deve observar é o seu nível de endividamento. De acordo com o planejador, as parcelas de empréstimos e financiamento não podem prejudicar o orçamento familiar, principalmente em momentos em que existe a possibilidade de haver uma crise financeira.
“Acho que boa parte da população se esqueceu que de tempos em tempos temos períodos mais difíceis e isso está fazendo as pessoas se endividarem em demasia”, afirma Police.
Ele afirma que as dívidas são as mais diversas, desde parcelar as compras corriqueiras (mesmo sem juros), até financiamentos automotivos e imobiliários, com prazos que chegam a 30 anos. “O comprometimento da renda destas pessoas está muito alto e crescendo e, caso haja algum problema na entrada de recursos, a inadimplência virá e, com ela, todos os malefícios já conhecidos - juros mais caros, menor atividade econômica etc”, alerta.
O educador financeiro Álvaro Modernell, concorda. “Tem uma dica que vale para todo momento, mas que tem ainda mais força em épocas de crise: não contrair dívidas”, diz.
Crédito mais escasso e caro
Police ressalta que, em momentos de crise, o crédito costuma se tornar mais escasso e, por conta disso, mais caro. Daí o perigo de se endividar em demasia. “Nestes tempos, é mais prudente refletirmos muito antes de qualquer tomada de crédito, já que os custos serão mais altos”, afirma.
Ele afirma que o crédito ainda é usado de maneira errada por grande parte da população. “O sinal amarelo já está ligado. Infelizmente para alguns, essa cor já é a vermelha, mas o pior é que me parece que muito poucos estão percebendo os perigos da utilização de crédito de forma pouco consciente”, afirma.
Aumentar as reservas
Além de procurar contrair menos dívidas, Álvaro Modernell afirma que é interessante procurar fazer um colchão financeiro para momentos em que a economia está em um situação mais complicada. “Dentro do possível, é importante tentar aumentar as reservas”, diz.
Segundo ele, para isso, existem duas maneiras. “Ou você dá um jeito de ter uma renda maior ou então corta gastos que não são tão necessários. Desta maneira, se a crise realmente acontecer, você tem como enfrentá-la. Se você não for afetado pela crise, pode aproveitar as oportunidades de investimento, por exemplo, com aquela reserva”, diz.
Investimentos
Em relação aos investimentos, Police aponta que os mercados oscilarão com mais volatilidade, trazendo mais riscos. Por isso, segundo ele, também é preciso ter uma cautela maior neste momento, com menor exposição em bolsas e ativos cambiais e mais voltado para a segurança da renda fixa.
“É verdade também que estes momentos costumam oferecer boas oportunidades, mas isso é para aqueles que tem muito conhecimento e também sangue frio para aproveitá-las”, conclui.
Fonte: InfoMoney