A armadilha dos títulos de capitalização
Títulos de capitalização são facilmente encontrados em todas as agências bancárias. Ao pagar uma conta no banco, um folheto me chamou a atenção. A propaganda contava a história de um jovem que sofreu uma lesão medular e ficou tetraplégico. O texto dizia que com muita determinação e esforço ele concluiu os estudos, tem hoje um bom trabalho e leva uma vida independente. E, é claro, compra títulos de capitalização.
Lendo mais detalhadamente o folheto, fiz as contas e descobri que se eu aplicar R$ 60 por mês em título de capitalização, no final de 30 meses terei desembolsado R$ 1.800. O banco divide esse valor em três cotas. O montante de R$ 297,18, ou 16% dos R$ 1.800, é usado para remunerar o banco, por meio da chamada cota de carregamento. Outros R$ 158,04, equivalentes a 9% do total investido, vão para a cota de sorteio, que paga pelos prêmios sorteados ao longo do prazo do título.
Apenas R$ 1.344,89, ou aproximadamente 75% do investimento, são destinados para a cota de capitalização. Essa é a parte que poderei sacar no final do vencimento do título, e que será corrigida pela mesma remuneração da caderneta de poupança, de TR+0,5% ao mês. Definitivamente não se trata de uma alternativa para quem deseja poupar.
E tem mais. Se eu quiser interromper a aplicação nos títulos de capitalização antes do final dos 60 meses e sacar minhas reservas acumuladas, sofro uma penalização. Se fizer uma retirada antes de seis meses, perco 10% da minha cota de capitalização. Se eu desistir entre o 7º e o 23º mês perco 5%. Somente se sacar após o 24º mês (80% do prazo) recebo integralmente a cota de capitalização.
No folheto encontrei destacada a informação de que os títulos de capitalização são produtos que oferecem ao cliente chances de ganhar prêmios em dinheiro e ainda receber todo o dinheiro ou parte dele de volta. Mas atenção: o rendimento desses títulos é menor do que o de opções como CDB e até poupança, e por isso eles não podem ser comparados a esses investimentos.
O fato de uma agência bancária oferecer um produto que não é serviço financeiro, crédito ou investimento me pareceu tão contraditório quanto relacionar uma bela história de determinação e superação com a sorte, como estava escrito no folheto.
A experiência serviu para deixar claro porque existem tantos folhetos sobre esses títulos nas agências bancárias. O ganho de 16% sobre o valor de cada título emitido é uma receita muito atraente para os bancos. Infelizmente para os investidores, a contrapartida é uma perda de capital equivalente a 6,3% ao ano, mais da metade da taxa Selic.
Apenas R$ 1.344,89, ou aproximadamente 75% do investimento, são destinados para a cota de capitalização. Essa é a parte que poderei sacar no final do vencimento do título, e que será corrigida pela mesma remuneração da caderneta de poupança, de TR+0,5% ao mês. Definitivamente não se trata de uma alternativa para quem deseja poupar.
E tem mais. Se eu quiser interromper a aplicação nos títulos de capitalização antes do final dos 60 meses e sacar minhas reservas acumuladas, sofro uma penalização. Se fizer uma retirada antes de seis meses, perco 10% da minha cota de capitalização. Se eu desistir entre o 7º e o 23º mês perco 5%. Somente se sacar após o 24º mês (80% do prazo) recebo integralmente a cota de capitalização.
No folheto encontrei destacada a informação de que os títulos de capitalização são produtos que oferecem ao cliente chances de ganhar prêmios em dinheiro e ainda receber todo o dinheiro ou parte dele de volta. Mas atenção: o rendimento desses títulos é menor do que o de opções como CDB e até poupança, e por isso eles não podem ser comparados a esses investimentos.
O fato de uma agência bancária oferecer um produto que não é serviço financeiro, crédito ou investimento me pareceu tão contraditório quanto relacionar uma bela história de determinação e superação com a sorte, como estava escrito no folheto.
A experiência serviu para deixar claro porque existem tantos folhetos sobre esses títulos nas agências bancárias. O ganho de 16% sobre o valor de cada título emitido é uma receita muito atraente para os bancos. Infelizmente para os investidores, a contrapartida é uma perda de capital equivalente a 6,3% ao ano, mais da metade da taxa Selic.
Fonte: ValorInveste