Presidente do BID diz que há mais luzes que sombras em países emergentes
O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, afirmou na última terça-feira que há "mais luzes que sombras" na situação atual dos países emergentes, mas enfatizou a importância de continuar com os programas que garantam o crescimento inclusivo e a luta contra a pobreza.
Ao discursar em um seminário sobre economias emergentes realizado em São Paulo, Moreno afirmou que em 15 anos 68% da expansão econômica global será gerada por países em desenvolvimento da América Latina. O presidente do Bid destacou o Brasil, que, segundo ele, "avançou muito. Cerca de 40 milhões deixaram a pobreza desde 2003".
O titular da organização financeira ressaltou que, apesar dos progressos alcançados, 30% da população da América Latina ainda vive na linha da pobreza.
Nesse sentido, Moreno assinalou que é necessário melhorar o acesso aos recursos produtivos para incluir os mais pobres no sistema econômico e acrescentou que as políticas sociais não devem ser um complemento das medidas econômicas, mas sim um componente que faça parte delas.
Já o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, destacou que "a América Latina é a região mais desigual do mundo" e assegurou que no processo de câmbio atual, com a incorporação de novos atores nas relações internacionais, é necessário harmonizar os valores do ocidente com os de oriente.
Durante seu discurso, no qual avaliou a validade dos indicadores macroeconômicos, Iglesias defendeu a continuidade do uso do Produto Interno Bruto (PIB) para medir as economias e seu desenvolvimento, mas com o complemento de outras unidades que reflitam aspectos sociais.
Por sua vez, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, criticou a visão a curto prazo dos Governos com fins eleitorais e solicitou um restabelecimento dos valores éticos para enfrentar os desafios do futuro e evitar situações de crise.
"É necessário criar novos valores, novos parâmetros para medir o que representa um país desenvolvido, uma empresa próspera", disse Marina.
Para a líder ambientalista, a resposta à crise, que descreveu como política, econômica e social, é ética e não técnica.
"O problema fundamental é a desvinculação com a dimensão ética", disse Marina, defendendo que qualquer política que atue no âmbito ambiental deve ter um enfoque a longo prazo.
"Fizemos políticas de curto prazo para políticos de longo prazo", denunciou a ex-candidata à presidência nas últimas eleições.
Por sua vez, o presidente da Anglogold Ashanti, multinacional do setor de mineração, Mark Cutifani, afirmou que é importante não deixar o futuro só nas mãos dos políticos porque o "destino do mundo é muito importante" e acrescentou que as pessoas são muito mais que ativos.
Na conferência, batizada como Economias emergentes, empresa e sociedade: O que pode fazer a música parar?, também participaram o executivo-chefe da Bolsa de Nova York, Duncan Niederauer, o presidente da Fundação Dom Cabral e organizador do evento, Emerson de Almeida.
No ato foi lançado um convênio de cooperação para a criação de uma rede de escolas de negócios latino-americanas, entre elas, a Fundação Dom Cabral e as universidades do Chile, San Andrés (Argentina) e dos Andes (Colômbia), uma iniciativa que conta com o apoio do BID.
Fonte: Último Instante