Inflação na China complica ainda mais situação mundial

Os preços na China têm tudo a ver com o restante do mundo. A inflação por lá está subindo - ficou em 6,5% em julho (dado anual) -, apesar de todas as medidas do governo para contê-la. Isso pode significar que o país terá de reduzir o ritmo de crescimento. Essa notícia é um complicador em meio a uma situação já complicada.

Estamos falando do motor do avião, o país que está segurando o mundo. Antes, eram os EUA, mas agora são fonte de preocupação; crescem menos e podem ter recessão.

Ontem, o dia começou com pessimismo nos mercados; mais tarde, virou pânico, por causa do medo da recessão americana. Não é temor de calote, tanto que aumentou a compra de títulos do governo dos EUA.

A China é a última esperança, mas com inflação alta significa que tem de tomar medidas para reduzir o ritmo de crescimento. Os alimentos registram alta de 14%, é muito forte. Isso afeta o Brasil, porque o crescimento da China estava puxando o preço dos produtos que o país exporta.

Ontem, conversei com especialistas em commodities. Eles dizem que as metálicas podem cair mais fortemente do que as agrícolas, porque alimentos continuam sendo necessários e os estoques estão baixos.

Quero deixar claro que 2011 é diferente de 2008, quando a crise foi aguda; de repente, os bancos começaram a quebrar, parecia o fim do mundo. Agora, há uma crise forte de stress nas bolsas e oscilação grande nos mercados de moedas, de juros, mas é uma situação menos grave.

O governo brasileiro está dizendo que vai evitar gastos, mas já os permitiu com a nova política industrial, anunciada na semana passada. Serão R$ 25 bi, sendo que parte disso será gasto com a indústria automobilística. Nossa resposta para a crise, por enquanto, deixa a desejar.

Na verdade, é uma crise só: a de 2011 é o desdobramento da de 2008, mas há três anos, foi mais grave, mesmo que a bolsa brasileira caia agora mais do que todas as outras.

Fonte: MiriamLeitão.com