Grupamento e desdobramento de ações: saiba o que são e para que servem
Se um dia você abrir seu home broker e notar uma quantidade
totalmente diferente de ações no seu portfólio, espere antes de ligar
para a corretorareclamando. A explicação para esta diferença pode ser o
desdobramento ou grupamento dos papéis de determinada companhia.
Se
você tinha 500 ações, por exemplo, pode ficar desesperado ao notar que
agora possui apenas 100. O contrário também pode acontecer:
o investidor tinha 100 ações e, de um dia para o outro, passa a ter
500. Nos dois casos, um olhar mais atento pode acalmar os ânimos: o
valor total do investimento permanece o mesmo.
Desdobramento
No
desdobramento ou split, a companhia aumenta a quantidade de ações em
circulação, sem aumentar o seu capital social. Mas, se os valores não
mudam, você deve estar e perguntando qual o objetivo deste tipo de
operação.
Segundo especialistas, a principal motivação da empresa
ao fazer um desdobramento de ações é aumentar a liquidez dos seus
ativos. “Com o desdobramento, as ações geralmente ficam mais acessíveis
para o pequeno investidor e podem passar a ser mais negociadas na
Bolsa”, afirma Sérgio Quintella.
Um exemplo de
desdobramento aconteceu no final do ano passado. Em dezembro, as ações
da Ambev foram desdobradas na proporção de uma para cinco. Assim, o
papel preferencial (AMBEV4), que antes valia quase R$ 250, passou a
custar pouco menos de R$ 50.
Ou seja, antes, para ter um
lote de 100 ações, o investidor precisava dispor de quase R$ 25 mil.
Depois do desdobramento, o valor do lote passou para aproximadamente R$ 5
mil.
Com isso, o volume de negócios aumentou: até o dia
17 de dezembro - último dia antes do desdobramento - o maior volume
diário de negociação de AMBEV4 naquele mês havia sido de R$ 18,9 milhões
(15 de dezembro). Depois do desdobramento, a ação preferencial chegou a
girar R$ 86,6 milhões em um único dia (30 de dezembro).
Grupamento
No
grupamento de ações, também conhecido como inplit, a quantidade de
papéis em circulação diminui, também sem nenhuma alteração do capital
social. Com isso, o preço das ações em circulação fica mais alto.
Portanto, se o investidor tinha mil ações de uma companhia que foram
agrupadas na razão de uma para duas, ele passará a ter 500 ações e o
preço delas será multiplicado por R$ 2. Por exemplo: você tinha 1.000
ações e cada uma valia R$ 2. Com o grupamento, você passa a ter 500
ações, com preço unitário de R$ 4. No final, você permanece com os
mesmos R$ 2 mil investidos.
De acordo com o analista,
Adriano Moreno, o grupamento acontece com menos frequência do que o
desdobramento e faz com que a volatilidade do papel diminua. “A lógica é
trazer o preço da ação para um nível que fique mais fácil negociar. Em
uma ação de R$ 0,40, a menor diferença entre compra e venda (spread)
será 2,5%, que é equivalente a R$ 0,01”, afirma Moreno.
Se
aquela ação for agrupada e passar a custar R$ 4, por exemplo, este R$
0,01 de diferença entre compra e venda vai equivaler a apenas 0,25% de
oscilação.
No caso do grupamento, a empresa pode querer
tirar a impressão de que o valor da ação está muito baixo. "É claro que a
avaliação não é feita dessa maneira, é preciso levar em consideração a
análise fundamentalista, os múltiplos da companhia. Mas existe um efeito
psicológico para o investidor", afirma Quintella.
Nada muda
É
importante lembrar que, para o investidor que já possui os papéis, não
haverá nenhuma mudança em relação aos valores investidos. “Em um
primeiro momento, a pessoa pode levar um susto ao perceber uma
quantidade diferente de ações na carteira. Mas depois vai notar que não
houve nenhuma mudança do seu capital”, afirma Quintella.
De
acordo com os especialistas, as companhias informam o mercado sobre
este tipo de operação, por meio de fato relevante. “Você pode acompanhar
pelo site da bolsa, que disponibiliza os fatos relevantes e comunicados
ao mercado”, afirma Quintella. No site da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), também é possível verificar este tipo de informação.