Dólar inicia jornada em baixa refletindo final do mês com expectativa da PTAX

SÃO PAULO – Pelo segundo dia consecutivo, o dólar opera em queda de 0,58% cotado à R$ 1,5340. Novamente, os mercados internacionais reagem ao impasse sobre a elevação do teto da dívida norte-americana e à possibilidade de default do país. Por outro lado, o fim do mês e o fechamento da Ptax (referência para a liquidação dos contratos futuros de câmbio) fazem com que o mercado brasileiro de câmbio esteja precificado e o real se aprecie frente ao dólar.

Segundo o economista Sidnei Nehme, a queda do dólar é reflexo do final do mês, “o mercado já está predominantemente vendido à espera da formação da Ptax e do ajuste dos contratos de derivativos, formados na próxima sexta-feira”, explica o especialista. Ele acredita ainda que nem mesmo um possível anúncio do Banco Central de swap reverso irá interessar ou mudar a direção do mercado de câmbio. “O BC deve estar comprando moeda residual, nada de substantivo”, completa Nehme.

Intervenções do BC
Segundo Nehme, o Banco Central pesquisa no fim da tarde nesta terça-feira, por volta das 18h e 18h30, o interesse do mercado por contratos de swap cambial reverso.

Esta é a denominação dada a operações conduzidas pelo BC que têm como objetivo enxugar o excesso de dólares no mercado futuro. Neste caso, Governo troca o pagamento de juros da divida em dólares por débitos atrelados à Selic. Através dos contratos de swap reverso, a autoridade monetária evita, ainda que temporariamente, a alta do Real e melhora o perfil da dívida pública, uma vez que reduz a parcela da dívida indexada ao dólar.

Ainda no mercado interno, o BC anunciou há pouco que promoveu um leilão no mercado a termo de câmbio. A liquidação está prevista para 2 de agosto. Segundo o Departamento de Operações de Reservas Internacionais (Depin), a atuação teve início às 10h06 e terminou às 10h11. A taxa de corte correspondeu a R$ 1,5340.

Cenário externo
Em relação aos EUA, na noite desta segunda-feira (25) o presidente Barack Obama foi à TV fazer um apelo em rede nacional para que haja um comprometimento de republicanos e democratas para elevar o teto da dívida pública do país, hoje em US$ 14,3 trilhões. "Pela rigidez como os republicanos estão negociando o aumento do teto da dívida, não nos surpreenderíamos se o caso for postergado para o final da semana”, explica o estrategista, Pedro Galdi.

Ainda por lá, a S&P (Standard & Poor's) divulgou que os preços dos imóveis norte-americanos caíram 4,5% em maio, na base de comparação anual. A queda no S&P/Case-Shiller Index foi praticamente a mesma que o esperado pelo mercado, cujos analistas projetavam recuo de 4,4% para o período, e maior que da última medição, que apontou uma queda de 3,96%.

Já o Consumer Confidence, índice que mede a confiança dos consumidores em cerca de 5.000 lares norte-americanos saírá logo mais às 11h.

Indicadores domésticos
Por aqui, a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou a Sondagem do Consumidor (ICC), que subiu 5,4% entre junho e julho deste ano, passando de 118 pontos para 124,4 pontos e atingindo o maior nível da série histórica, iniciada em setembro de 2005.

O mercado também aguarda os dados da Nota do Setor Externo do Banco Central que traz informações sobre o balanço de pagamentos e as reservas internacionais do governo brasileiro em junho.

Fonte: InfoMoney