Depois de ajuste, mercado volta a ser pressionado por iminência de calote nos EUA

SÃO PAULO - Após ajuste positivo na véspera, o mercado presencia nesta sexta-feira (29) o que muitos já esperavam: um novo mergulho frente à contagem regressiva para o possível calote da dívida dos EUA.

Há apenas três dias do prazo máximo para elevar o limite permitido de endividamento, e assim conseguir rolar a dívida pública, congressistas democratas e republicanos seguem batendo cabeça e ainda não sinalizam qualquer possibilidade de consenso.

Em suma, prevalece o seguinte impasse: republicanos, que detém a maioria das cadeiras na câmara de representantes, defendem uma proposta de reestruturação fiscal do país que é integralmente rechaçada pela maioria democrata no senado, o que impede a aprovação da elevação legal do teto da dívida.

Como os pontos de discórdia estão diretamente ligados aos princípios doutrinários de ambos os partidos - elevação de impostos e cortes orçamentários - o cenário torna-se ainda mais delicado.

O risco de fracasso nas negociações em tempo hábil é tamanho que o Federal Reserve já prepara um plano de contingência para o não-pagamento dos EUA a seus credores. "Detalhes interessantes do plano devem ser divulgados após o fechamento da sessão", afirma Flemming J. Nielsen, analista do Danske Bank.

Naturalmente, espera-se uma sessão movimentada ao longo do dia, com a volatilidade das bolsas internacionais diretamente ligada ao noticiário político norte-americano.

Problema pouco é bobagem
Como se já não bastasse o risco de materialização do pesadelo da maior economia do planeta, outros problemas que haviam sido deixados em segundo plano nos últimos dias, como a crise fiscal na Europa e a recuperação da economia norte-americana, voltam ao radar do mercado.

A crise fiscal na periferia do Euro acaba de ganhar um novo ingrediente. O primeiro ministro da Espanha, José Luis Zapatero cedeu e antecipou as eleições gerais de março de 2012 para novembro deste ano, como reflexo do desgaste provocado pela implantação de reformas de austeridade e pelo risco de necessidade de ajuda externa no futuro próximo.

Já nos EUA, haverá nesta manhã, a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) referente ao segundo semestre, sendo esse mais um fator de peso para avaliar a quantas anda a consolidação da economia do país pós-crise de 2008, além é claro da agenda de resultados trimestrais.

Front doméstico

Por aqui, espera-se um forte vínculo da bolsa brasileira à trajetória em Wall Street, entretanto a movimentada safra de resultados de empresas domésticas também contribui para dar o tom. Dentre os principais destaques, cabe observar como será a reação do mercado aos números da Vale (VALE3,VALE5) divulgados na última noite, além de Hering (HGTX3) e OSX (OSXB3) que saem nesta manhã.

Fonte: InfoMoney