Aumenta a participação feminina no mercado financeiro

Rio - Ainda dominado pelos homens, o mercado financeiro no Brasil dá sinais de mudança no perfil de seus investidores. Dados recentes da BM&F Bovespa mostram que atualmente já existem mais de 148 mil mulheres cadastradas na bolsa de valores brasileira – representado cerca de 25% do universo total. A velocidade no aumento da participação feminina também chama atenção: o número cresceu aproximadamente 900% do ano de 2002 pra cá.

Para o gerente Comercial, de Marketing e Relacionamento com o cliente da corretora de valores UM Investimentos, Rafael Giovani, o aumento da participação das mulheres está diretamente relacionado às alterações no comportamento delas no mercado de trabalho e nas relações sociais como um todo.

“Hoje, elas estão em pé de igualdade com os homens. A independência financeira e a forma de se posicionarem na sociedade, muitas vezes como chefes de família, fez com que as mulheres estabelecessem novas prioridades quanto aos seus gastos e também na administração do dinheiro, incluindo agora maior preocupação com investimentos”, observa o executivo.

Perfil feminino

No último levantamento feito pela corretora, foram contabilizadas 30% de mulheres no total de seus 25 mil clientes em todo o país. Segundo Giovani, a maioria ainda prefere diversificar sua carteira de investimentos com aplicações em renda fixa para diluir os riscos. O cenário, no entanto, começa a mudar. “Muitas já apresentam um perfil mais arrojado, fazendo aplicações mais arriscadas, especialmente no mercado de ações”, destaca.

Algumas características inerentes às mulheres podem favorecê-las também na hora de investir. De maneira geral, elas preferem se planejar, pesquisam sempre e lêem muito sobre o mercado e sobre as empresas nas quais desejam investir. “As mulheres são, por natureza, mais cautelosas, um pouco ‘desconfiadas’ e não costumam acreditar em tudo o que ouvem por aí. O mesmo se aplica com relação aos investimentos. E, diferentemente dos homens, elas se permitem perguntar mais e não têm vergonha de admitir quando estão com alguma dúvida”, observa Rafael Giovani.

Outra vantagem é que público feminino tende a pensar mais no longo prazo, enquanto os homens são mais imediatistas. Na maioria das vezes, os objetivos são aumentar o patrimônio e a riqueza ao longo do tempo, ter uma aposentadoria mais tranquila ou mesmo planejar uma vida confortável para filhos que ainda estão apenas nos planos futuros. "De qualquer forma, isso não significa que exista apenas esse perfil de mulher investidora. Hoje já são mais comuns casos de mulheres que se arriscam para obterem lucros no curto prazo, buscando aquisições como viagens para o exterior, cursos voltados para a carreira ou a compra de um bem material, como um carro, por exemplo”, explica.

Educação financeira como início

A facilidade de acesso a informações sobre o mercado financeiro, principalmente através da internet e o intenso lançamento de livros sobre o tema, tem sido um elemento atrativo para novas investidoras entrarem no mercado. O executivo alerta que, apesar disso, é importante que as pessoas – sejam homens ou mulheres – conheçam bem suas fontes de pesquisa e, de preferência, procurem instituições recomendadas pelo mercado para iniciar seus investimentos. “A educação financeira, que pode ser adquirida através de cursos, muitos deles gratuitos, deve servir como pontapé inicial para quem ainda não têm experiência. Principalmente no início, a ajuda profissional é fundamental”, aponta.

Fonte: O Dia