Alívio da véspera não se sustenta e bolsas voltam a registrar perdas

SÃO PAULO – O alento da véspera não dissipou o momentum  negativo, que volta à tona nesta sexta-feira (10) com as perdas registradas pelos principais mercados de ações internacionais. No cenário, os persistentes temores sobre a crise fiscal na Europa e os novos dados da balança comercial chinesa.
O gigante asiático revelou nesta sessão um crescimento maior que o esperado das importações, mas também um desaceleração mais forte que o previsto das exportações – “o que sugere certa fragilidade na economia global”, apontou a equipe de analistas do Danske Bank.

O mercado também ressaltou que a manutenção da força do consumo doméstico na China, em meio a uma situação externa menos favorável, poderá levar a autoridade do país a rever sua estratégia de controle da inflação por meio de medidas macroprudenciais, dando prioridade a ajustes no juro básico.

Aspirinas e urubus
Desde a Zona do Euro, os temores relativos à resolução da crise fiscal continuam a afetar os mercados globais, de algum modo desiludidos com o efeito das recentes medidas de ajuste fiscal adotadas por países periféricos como Grécia e Irlanda.

Na avaliação do economista do Société Générale, Vladimir Pillonca, parte da decepção se deu por conta de exageros nas projeções para o crescimento da economia dos países, reflexo natural dos cortes de gastos públicos “extremos”, uma vez que levam a retrações da economia e da arrecadação do Estado.

Com a expectativa de aprofundamento dos cortes de gastos, fica a pergunta sobre um eventual plano B. “Por acaso sete aspirinas vão funcionar com um paciente que já não se sentiu melhor depois de três?”, ironizou Pillonca.

No parlamento grego, o ministro das finanças George Papaconstantinou defendeu a aprovação da nova proposta de ajuste fiscal. Também inspirado pela medicina, afirmou que “o remédio não é agradável e o tratamento requer devoção e compromisso”. O governo do país deseja a aprovação das medidas até o final deste mês.

É hora de comprar ações?
O forte momentum negativo do mercados de capitais, com índices de ações registrando uma sequência de seis pregões consecutivos em queda, levou parte dos investidores a buscar por barganhas, posicionando-se em papéis que teriam sido barateados – do ponto de vista dos fundamentos – com um movimento de “pânico” por parte de investidores.

“Muitos têm tomado valuations baratos (...) como argumento para sair da renda fixa para ações”, afirma o estrategista-chefe do Citi para ações, Tobias M. Levkovich. “Esse tipo de conversa revela que investidores procuram por desculpas para ficar comprados em ações e não fugir da renda variável”, concluiu.

Na agenda do dia ganham destaque para os dados sobre o orçamento do governo dos EUA, ainda sob a sombra das negociações para elevação do teto da dívida do país. Já no Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apresentou a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário de abril, revelando queda de 0,1%, com ajuste sazonal, do nível de emprego no setor.

Fonte: InfoMoney