Morte de Bin Laden pode elevar dólar no curto prazo
Melhora na credibilidade do governo de Barack Obama reflete em ganhos da moeda americana sobre as divisas mundiais.
A morte de Osama bin Laden pode trazer impactos econômicos de curto prazo à economia brasileira.
Desde ganhos na estabilidade global até uma variação positiva na cotação do dólar, do ponto de vista econômico, o Brasil tem a ganhar com a eliminação do número um da Al Qaeda no mundo. O evento traz, em princípio, um movimento forte nos mercados de capitais.
A última segunda-feira (2/5) foi marcada pela queda no preço do petróleo, que chegou a tocar os US$ 110 o barril. Banco Central e Ministério da Fazenda também têm motivos para comemorar.
O ganho de credibilidade do governo Barack Obama não favorece exclusivamente a candidatura à reeleição do democrata, mas potencializa a soberania dos Estados Unidos na economia mundial, o que favorece pontualmente o dólar.
Uma alta da moeda, como já foi verificada na segunda-feira — na máxima do dia, o dólar marcou alta de 0,45% frente o real —, reduz as perdas da exportação e atende aos anseios da Fazenda e do BC. “O setor exportador, que movimenta fortemente a economia nacional, sai em vantagem”, destaca Marcelo Suano, pesquisador do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais (CEIRI).
Por outro lado, a apreciação da moeda americana desfavorece a própria política monetária que vem sendo aplicada pelos Estados Unidos, o que aponta para uma decisão política em detrimento do processo de recuperação após a crise financeira internacional. “Recentemente os americanos vinham em uma queda de braço com a China pela desvalorização da moeda”, contextualiza o pesquisador. “Um resultado como esse é uma força no sentido contrário.”
Brics
Em um aspecto mais amplo, a simples estabilidade trazida pelo fim das buscas a Osama bin Laden já é suficiente para um cenário mais favorável ao Brasil em detrimento aos seus parceiros emergentes.
“Sintomas que tragam qualquer espécie de estabilidade são muito positivos para o Brasil, porque somos um país foco de recebimento de investimentos”, explica José Luis Niemeyer, professor do Ibmec, especialista em Relações Internacionais e Economia.
Esse fator ganha mais importância com o posicionamento geopolítico afastado de possíveis “zonas de ruptura”. O Brasil não vive sob ameaça de litígios com grupos radicais, o que o torna grande privilegiado entre os focos de investimentos do mundo.
“China e Índia, por exemplo, fazem fronteira com o Paquistão e podem sofrer impactos de reposicionamentos desses grupos radicais islâmicos”, explica o professor do Ibmec. Em ambos os casos, não há dúvidas de que o impacto econômico do evento terá curta duração na economia nacional.
A alta do dólar, a desvalorização do petróleo ou a redução do da instabilidade no mercado mundial só durarão enquanto durar o fervor do noticiário em torno do assunto. “O ‘evento Bin Laden’ é simbólico. Passado esse momento, a economia volta ao seu lugar”, pontua Niemeyer.
Balança comercial
A relação comercial do Brasil com os países árabes não sai prejudicada nem favorecida com o evento. Marcelo Suano entende que sob esse ponto de vista não há mudança de perspectiva. "Nesse sentido, não nos afeta em nada", pontua.
A Câmara de Comércio Árabe Brasileira acredita que ainda é cedo para se posicionar sobre possíveis impactos comerciais dadas as "especulações" em torno do evento.
Fonte: Brasil Econômico
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