Cautela ao investir nas novatas
O investidor que pretende diversificar sua carteira de ações já ganhou em 2011 sete novas opções. Este é o número de empresas que realizaram abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) em 2011 na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
A mais nova integrante do mercado é bem conhecida dos consumidores: a Magazine Luiza. No dia 28 de abril, a varejista captou R$ 925,785 milhões na oferta pública inicial de ações. O preço por ação ficou em R$ 16 e foi considerado atraente pelo mercado – que apresentou uma demanda maior que a oferta de papéis.
Na esteira do sucesso dos IPOs de 2011, mais empresas pretendem estrear na Bolsa. Quatro companhias já pediram à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) registro para ofertas inicias de ações – Qualicorp, Perenco, Brazil Pharma e Technos.
Além disso, Camil e Enesa Participações já têm uma solicitação em análise desde o início do ano. E há rumores que a empresa de turismo CVC, a sucroalcooleira Copersucar e as companhias do ramo de petróleo Petroserv e Petrogal também queiram fazer parte deste grupo.
Mas se o momento é bom para que as companhias usem o mercado financeiro como forma de captar recursos para sua expansão, será que a hora também é propícia para quem quer investir nelas?
“Nem todo IPO é uma oportunidade”, afirma Gustavo Migliano, operador de mercado da corretora Wintrade. “O risco de comprar ações no IPO é bem maior que o de investir em empresas já consolidadas, que têm um histórico de sucesso na Bolsa.”
A primeira grande dúvida que surge diante de um IPO é se o preço fixado para a ação é justo ou não. Quando uma empresa já tem ações na Bovespa, o próprio mercado julga a atratividade daquele papel, que se reflete em seu preço. Mas quando o valor ainda não passou ainda pelo crivo do mercado, fica mais difícil avaliar.
Analisar o setor em que a empresa está e comparar o preço de seus papéis com o de suas concorrentes diretas são critérios utilizados para saber se as ações estão caras ou baratas.
Outro jeito de saber se a novata tem grande potencial de crescimento e sucesso – e, portanto, mais chances de ver seus papéis valorizados na Bolsa – é avaliar o seu histórico. “É preciso checar as informações financeiras dessas companhias, descobrir se são lucrativas, se têm uma gestão transparente e sólida, se inspiram confiança no mercado”, diz Migliano.
Também é importante estudar o segmento em que ela atua. Atualmente, os especialistas colocam mais fichas nas empresas do setor de consumo – que estão vivendo boa fase graças à força do mercado interno. Um exemplo é a calçadista Arezzo, que realizou seu IPO em fevereiro e, no primeiro dia de pregão, registrou valorização de 12% nos seus papéis.
“Mas antes mesmo de investigar a empresa e seu potencial, o investidor deve olhar para si”, aconselha Rafael Giovani, gerente comercial da corretora Um Investimentos. É preciso saber se seu perfil é mais conservador, moderado ou agressivo para só então escolher as ações que irão compor a sua carteira.
“Outro ponto importante é avaliar o prospecto da empresa para saber de que forma ela pretende usar o dinheiro que captar”, diz Giovani. Isso vai ajudar o investidor a perceber se aquele é um investimento de longo prazo ou pode trazer um retorno mais rápido.
No passado, era mais comum que as ações subissem muito na sua estreia e depois se desvalorizassem. Isso ocorria em decorrência de uma prática chamada “flip”, em que os investidores compravam e vendiam a ação no mesmo dia, para ter lucros rápidos. Hoje, isso é menos comum. Mas uma alta forte seguida de uma baixa ainda pode ocorrer. “Se o investidor tem muitas dúvidas, não custa esperar passar o IPO para comprar as ações um pouco depois”, conta Giovani.
Fonte: Jornal da Tarde