Sem capacitação, Brasil perderá novas ondas de crescimento
País tem de avançar em educação para não perder vantagem competitiva em áreas chaves de expansão.
Problemas como baixa capacitação de trabalhadores e falta de infraestrutura podem impedir que o Brasil aproveite as novas ondas de crescimento, que devem movimentar a economia global e gerar empregos nos próximos anos.
A Accenture desenvolveu em parceria com a Oxford Economics uma pesquisa em vários países para antecipar quais serão os principais fatores que devem alavancar a economia mundial nos próximos anos.
São eles: pressão por recursos naturais, crescimento dos mercados emergentes, convergência de novas tecnologias e envelhecimento da população. Só no mercado americano estas tendências têm o potencial de aumentar, até 2020, em US$ 1,6 trilhão o PIB do país, gerando 8,7 milhões de empregos adicionais.
Segundo Spelman, o país tem algumas vantagens em relação a economias da Europa e mesmo Estados Unidos, quando se trata em aproveitar estas ondas. "O Brasil tem uma vantagem competitiva na área de alimentos e está à frente no desenvolvimento do etanol. O desafio é transformar esta vantagem em oportunidade para avançar na área de biocombustíveis", diz.
O crescimento dos mercados emergentes também vem gerando muitas oportunidades para o país, especialmente para a expansão das pequenas e médias empresas nacionais nos mercados vizinhos.
De acordo com Roger Ingold, presidente da Accenture no país, o capital global está mudando para o Brasil em busca de oportunidades em várias áreas, como alimentos. "Muito se fala que no Brasil exporta-se commodities, mas o que produzimos é tecnologia", afirma.
"As oportunidades são grandes se conseguirmos vencer a barreira da falta de profissionais qualificados." A opinião de Ingold diverge da pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com a entidade, vai sobrar mão de obra qualificada no país. O Ipea diz que mais de 1 milhão de trabalhadores com experiência e qualificação profissional permanecerão desempregados no próximo ano, mesmo com o aumento dos postos de trabalho.
O tema é tão polêmico que o próprio ministro do Trabalho, Carlos Lupi, contestou a validade do estudo, afirmando que o maior problema do país é, sim, a falta de trabalhadores qualificados. "Fechamos 2010 com mais de 900 mil vagas não preenchidas por falta de qualificação", disse.
Terceira idade
Para embarcar nas novas ondas de crescimento, o Brasil pode aproveitar ainda o fato de ser jovem, e não estar tão preocupado com o envelhecimento da população, fator que impacta mercados da Europa e Estados Unidos.
"No Reino Unido criar empregos para esta parcela da população e também em áreas de atendimento à saúde é um desafio para manter o crescimento", diz Spelman. De acordo com levantamento da Accenture, só no Reino Unido, o número de pessoas com mais de 60 anos vai crescer 17% até 2020.
Fonte: Brasil Econômico
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