Mercados externos deixam novo terremoto no Japão de lado e voltam a avançar


SÃO PAULO - Os principais mercados externos voltam a avançar nesta sexta-feira (8), deixando de lado a aversão ao risco que dominou o final do pregão da véspera, quando foi anunciado que um novo terremoto havia atingido o Japão, pouco mais de um mês após o tremor e tsunami que abalaram o país. Os contratos dos índices futuros norte-americanos sobem, com destaque para o S&P 500, que registra valorização de 0,39%.


Na Europa, o mesmo comportamento  se repete. Nos mercados acionários do continente, analistas também seguem de olho na situação de Portugal, fazendo suas projeções acerca do tamanho do pacote de ajuda que será destinado ao país. Anteriormente, rumores apontavam para algo entre € 75 e € 90 bilhões. Segundo o jornal português Sol, o primeiro-ministro português José Sócrates já teria acertado o pedido de auxílio no dia 11 de março, quando da assinatura de um programa de medidas econômicas em Bruxelas.

O jornal afirma ainda que o pacote de ajuda para Portugal será de € 80 bilhões. O mercado ficará, portanto, atento à reunião dos ministros de Finanças da Zona do Euro na Hungria, que devem discutir o pacote de auxílio econômico para Portugal. Mas, acertado o resgate ao país, lembra o Danske Bank, o foco muda para outros países periféricos, notadamente a Espanha.


Ásia encerra em alta

No Japão, o índice Nikkei, principal da bolsa de Tóquio, encerrou com valorização de 1,85%, mesmo após o terremoto de 7,1 pontos de magnitude ocorrido na quinta-feira. Isso porque os estragos, dessa vez, foram bem mais limitados. Além disso, a retomada da produção colaborou com otimismo. As montadoras Toyota e Nissan anunciaram a retomada de suas atividades em todas as suas unidades até o final deste mês, ainda que com volume menor.

Do mesmo modo, o índice Shanghai Composite terminou o pregão em alta, mas por lá o foco foram as ações ligadas às commodities. O petróleo, por exemplo, supera os US$ 111 por barril em Nova York, enquanto o ouro e a prata seguem com expressivas valorizações.  

O Banco Central chinês ainda afirmou que o país irá expandir, otimizar e abrir seu mercado financeiro, além de gradualmente reduzir as intervenções do governo no mercado durante este ano. Entre algumas medidas, está o incentivo para que investidor estrangeiros comprem títulos de dívida e ações, além de permitir que mais moedas sejam negociadas frente ao yuan.


Apagão, câmbio e consumo

Nos Estados Unidos, a agenda é morna e traz apenas o nível de estoques no atacado. No entanto, a dificuldade para aprovação do Orçamento de 2011 fica no radar, já que caso nenhum acordo seja alcançado nesta sexta, um "apagão" do governo, que traria o congelamento de salários para alguns funcionários públicos e demora na restituição de impostos, por exemplo, começará a meia-noite. Para Paul Donovan, economista do UBS, mesmo que o governo não consiga aprovar em breve o Orçamento para este ano, a economia não deve ter grandes reações.


No Brasil, o real continua a ganhar força, com investidores testando novos pisos. Para Miriam Tavares, diretora de Câmbio da AGK Corretora, "as cotações devem se firmar no intervalo de R$ 1,57 a R$ 1,59, com a possibilidade até de oscilações um pouco abaixo deste intervalo se o dólar seguir fraco no mercado internacional e o fluxo efetivo de dólares para o Brasil estiver alto", afirmou.

Além disso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou na noite da véspera novo aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), desta vez para a concessão de crédito a pessoas físicas. A alíquota passou de 1,5% para 3% e visa conter o consumo e, por consequência, a inflação. 

Vale notar que nesta sexta foi divulgado o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal), que apontou novo aumento da inflação na primeira semana de abril, marcando variação de 0,89%, taxa 0,18 ponto percentual superior àquela vista na semana anterior. Este foi o quinto aumento consecutivo deste índice. A Pesquisa Industrial de Emprego e Salário é aguardada ainda para esta sessão.

Fonte: Brasil Econômico