Corrida contra o tempo em busca de 200 novas empresas


Bolsa faz turnê pelo país prospectando empresas para abrir o capital. Parceria prevê BNDES como investidor “âncora”.
O tempo corre contra o cumprimento da meta auto-estabelecida pela BM&FBovespa de ter 200 novas empresas listadas no pregão até 2015.
Na média, significa ter algo em torno de 40 ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) por ano - desde 2004, quando o fluxo de operações na bolsa foi retomado, isso aconteceu apenas em 2007, com mais de 60 aberturas de capital. "Não dá para tropeçar", afirma o sócio líder de mercado de capitais da PWC, Ivan Clark.
Neste ano, quatro meses decorridos, saíram do papel seis IPOs. Para ampliar esse número, a recém-criada diretoria de Desenvolvimento de Empresas, liderada por Cristiana Pereira, está saindo em turnê pelo país para apresentar o mercado de capitais às companhias e prospectar aquelas em condições de ir a mercado.
A série de viagens começou neste mês em Curitiba e segue para Fortaleza e Goiânia, além de Ribeirão Preto, Recife, Joinville, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Sob o braço, seguem materiais como o guia de abertura de capitais lançado hoje pela bolsa e a PWC.
Está na agenda também o estabelecimento de novas parcerias com entidades, como federações industriais regionais, e o desenvolvimento de atividades como programa de imersão em mercado de capitais, já realizado em 2008.
"A meta de 200 empresas também é uma provocação ao mercado. Acho que conseguimos, sim, pelo menos chegar perto desse número", diz Cristiana.
BNDES outra vez
A bolsa sabe, e o mercado concorda, que a forma de atingir o objetivo é apostar nas empresas de médio porte. Por essa razão elevou as listagens no Bovespa Mais (segmento "de acesso" do mercado) ao posto de prioridade.
Para tanto, tratou de firmar parcerias com o Banco do Brasil e com o BNDES para ter acesso às suas carteiras de empresas investidas, as quais poderiam vir a abrir o capital na bolsa.
Com o BNDES, aliás, o contato vai além. O banco está disposto a atuar no segmento também como investidor do tipo "âncora" - de longo prazo, capaz de assegurar que a oferta se efetive.
"Queremos contribuir para que as operações se viabilizem", diz o superintendente da área de capital empreendedor, Fabio Sotelino da Rocha. O banco poderia entrar com perto de 20% de participação nas ofertas.
O papel de âncora o BNDESPar (braço de participações do banco) já exerceu na primeira, e até agora única, oferta realizada no Bovespa Mais, em 2008. A instituição detém ainda hoje 10,73% da Nutriplant. Depois dessa, a única oferta protocolada para sair no segmento foi a da Companhia de Águas do Brasil (CAB Ambiental), que acabou cancelada em março porque o preço oferecido por ação pelos investidores não correspondeu às expectativas dos controladores.
E embora haja muita expectativa em torno da possibilidade de novas ofertas, ainda não bateram à porta do BNDES outras empresas com projetos encaminhados o suficiente para a abertura de capital. "Tivemos só um caso que não prosperou", diz Rocha, sem citar nomes.
Fonte: Brasil Econômico