Casamento real aquece retomada da economia britânica
Com taxa de desemprego de 8%, Grã-Bretanha tenta lucrar com o turista que é atraído pelo glamour em torno da realeza.
O governo britânico - e nele está também a família real - encontrou numa tradição do passado a saída para sair da atual crise econômica que assola não apenas a sua economia, mas também boa parte das outras nações da Europa.
Inventada pelos romanos, a antiga "política do pão e circo" vai ganhar em solo britânico uma versão mais suntuosa e moderna na manhã de sexta-feira (29/4).
Televisionado para todo o planeta a partir das 6h15 da manhã (horário de Brasília), o casamento do Príncipe William, o segundo na linha de sucessão ao trono da Inglaterra, com a plebeia Catherine Middleton deve ser assistido por 2,5 bilhões de pessoas.
Dizer que a decisão de se casar tomada pelo príncipe em novembro do ano passado tenha sido proposital é até leviano. Afinal, até a realeza britânica deve ter o direito de se apaixonar.
Mas o fato é que a cerimônia acontece num momento muito peculiar para o país que é a sexta maior economia do mundo, mas que enfrenta uma crise sem precedentes, com taxa de desemprego na casa dos 8%.
"A Inglaterra está em um momento ruim economicamente, enfrenta uma das maiores crises da história. Esse evento reduz esse sentimento de recessão", afirma a professora Vitoria Saddi, economista do Insper. E há números que mostram e comprovam essa afirmação.
A VisitBritain, agência nacional de turismo da Grã-Bretanha, estima que por causa do casamento, anunciado em novembro do ano passado, pelo menos 600 mil turistas deverão passar por Londres.
"A cerimônia deve movimentar a economia e não só pontualmente. Além da motivação emocional para o consumo [dos próprios britânicos], deverá alavancar [a chegada de turistas para] os próximos eventos que Londres vai promover no ano que vem. São eles: o jubileu de diamante da rainha Elizabeth II e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2012", afirma Ricardo Torres, Professor de finanças da Brazilian Business School (BBS).
Cifras mais modestas
A cerimônia de casamento será na abadia de Westminster, em Londres, e será contemplada por 1.900 convidados dos quais apenas 600 participarão da recepção oficial no Palácio de Buckingham, com custo estimado de US$ 40 milhões. São números que também refletem a atual crise britânica.
O casamento do príncipe Charles com a também plebeia Diana - pais de William-, em 1981, teve cifras bem mais suntuosas.
Na época, a cerimônia custou 30 milhões de libras, o que em dinheiro de hoje seria o equivalente a cerca de US$ 145 milhões (valor corrigido pelo índice de inflação americano). Ou seja, o casamento de Charles custou 3,5 vezes mais do que o do seu filho e herdeiro.
A família real custa, por ano, € 46 milhões aos contribuintes britânicos, de acordo com as contas divulgadas pela casa real. Mas também é responsável por 15% do Produto Interno Bruto (PIB).
"A monarquia britânica é parte fundamental dos atrativos que encantam o turista", diz Sandie Dawe, presidente do VisitBritain. Ela lembra que o casamento renova a monarquia pois aumenta a chance do nascimento de um herdeiro, o que significa continuidade.
Para a realeza o evento é uma oportunidade de recuperar a imagem da família, deturpada depois dos escândalos provocados pelos dois filhos da rainha Elizabeth, Charles e Andrew.
"A monarquia britânica é a mais importante do mundo, a única que é membro permanente do conselho de segurança da ONU, e do G7" afirma o Professor Demétrius Cesario, coordenador do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.
Fonte: Brasil Econômico