Aumento de 10% nos preços dos alimentos leva 10 milhões à pobreza extrema


Um aumento de 10% dos preços dos alimentos pode provocar a queda de 10 milhões de pessoas no mundo na pobreza extrema, advertiu nesta quinta-feira (14/4) o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.
"Os pobres do mundo não podem esperar. Cerca de 1 bilhão de pessoas estão subnutridas no mundo. O tempo não corre a nosso favor", explicou Zoellick em uma coletiva de imprensa na abertura das reuniões de primavera do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"De forma geral, estamos em uma zona perigosa", acrescentou o presidente do BM, ao apresentar um relatório da entidade sobre a alta dos preços das matérias-primas.
O BM calcula que cerca de 1,2 bilhão de pessoas vivem com menos de US$ 1,25 por dia, o que significa pobreza extrema.
Com um aumento de 30% no preço dos alimentos, 34 milhões de pessoas cairiam na pobreza extrema, acrescentou Zoellick.
O índice de preços de alimentos do BM subiu 36% em relação a um ano atrás, e se aproxima dos recordes de 2008, antes da crise. Neste ano ocorreram importantes revoltas populares em países em desenvolvimento.
O milho subiu 74% ao ano, o trigo 69%, a soja 36% e o açúcar 21%, segundo os cálculos do Banco. Zoellick descartou, no entanto, que a especulação nos mercados internacionais esteja conduzindo a esta alta sustentada.
"É uma combinação (de fatores). As reservas de matérias-primas continuam caindo. Houve problemas meteorológicos, e ao mesmo tempo estão ocorrendo mudanças na demanda", explicou.
Os biocombustíveis como o etanol, obtido através da cana-de-açúcar, são citados por especialistas como perturbadores dos preços de algumas matérias-primas.
"Um dos pontos que tentamos ressaltar é a necessidade de colocar a comida na frente de tudo", explicou o presidente do Banco.
A América Latina, que conta com 28% da superfície potencialmente arável da Terra, pode ser parte da solução do problema da alta de preços, segundo um relatório recente da instituição.
O BM preconiza programas nutricionais para os mais pobres, eliminar as restrições às exportações de grãos e mais investimentos no setor agropecuário para superar a ameaça
Fonte: Brasil Econômico