Ações caem em bloco e Bovespa recua 1,20%. Dólar sobe 1,27%, a 1,591
RIO e SÃO PAULO - Em dia de queda expressiva das ações da Usiminas, cujo lucro recuou 96% no primeiro trimestre deste ano, e das empresas "X" - controladas pelo empresário Eike Batista - a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) continua sofrendo com a fuga de investidores estrangeiros e opera no vermelho. Por volta das 15h (horário de Brasília), o Ibovespa, índice de referência do mercado, descia 1,20%, aos 65.468 pontos. O giro financeiro é de R$ 4,90 bilhões.
No mesmo movimento visto nos últimos dias, descolado dos mercados mundiais o dólar comercial avança 1,27%, cotado a R$ 1,591 na venda. Diante de outras moedas mundias, entretanto, a divisa recua. O euro, por exemplo, subia 0,44%, frente à moeda americana.
- Aparentemente, alguns investidores estão zerando posições por não saberem exatamente o que está acontecendo - diz o operador de câmbio da Renascença Corretora, José Carlos Amado.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio, Reginaldo Galhardo, ressalta que o cupom cambial, que é usado para arbitragem de juros, amanheceu hoje em patamares altos, o que não é comum. Isso está pesando sobre a cotação.
O Banco Central disse nesta quinta que o cenário projetado para a inflação brasileira não evoluiu favoravelmente desde sua última reunião e que o ciclo de aperto monetário - leia-se aumento de juros - deverá ser "suficientemente prolongado".
A exemplo do que aconteceu nesta quarta, as 'blue chips' pesam na Bovespa. Há pouco, as ações ordinárias da Petrobras caíam 0,55% (a R$ 28,77), e as preferenciais desciam 0,89%, a R$ 25,51. Já os papéis ON da Vale caíam 0,71% (a R$ 51,53), enquanto os PN recuam 0,60%, a R$ 45,99.
Ações do grupo 'X' caem até 6%
As empresas 'X' - controladas pelo empresário Eike Batista - continuam se destacando negativamente. Há pouco, as ações ON da LLX lideram as maiores quedas do Ibovespa, com recuo de 5,50%, a R$ 4,46. As incertezas quanto ao processo de aquisição acionária pesa bastante na Usiminas, e as ações ordinárias da siderúrgica caíam 4,50%, a R$ 24,81.
A Usiminas viu seu lucro líquido de primeiro trimestre ser achatado para R$ 16 milhões , para um nível abaixo do esperado pela média do mercado, em meio à continuação da pressão de custos maiores de matérias-primas.
Ainda entre as maiores quedas do Ibovespa, destacam-se OGX Petróleo (4,01%, a R$ 15,73); Natura ON descia 3,66% (a R$ 43,11) e PortX se depreciava em 3,47%, a R$ 3,33.
Na ponta oposta, as maiores altas partiam de Redecard ON (4,21%, a R$ 23,50) e Cielo ON (4,16%, a R$ 14,53).
Intervenção do Banco Morada não afeta Bolsa
Ativos do setor financeiro também caem em bloco no penúltimo pregão do mês. As ações PN do ItaúUnibanco desciam 3,50% (a R$ 36,33), Banco do Brasil ON recuava 3,19% (a R$ 28,46). As ordinárias do Bradesco registram depreciação de 2,88% (a R$ 25,92) e as PN caem 2,88%, a R$ 30,93.
Para o analista do setor bancário e serviços financeiros da Ágora Corretora, Aluísio Lemos, uma expectativa diante de eventuais novas medidas do governo para conter a inflação contribui para o movimento de baixa dos papéis bancários.
- Dependendo do teor destas virtuais medidas, elas poderiam afetar mais o setor, ao impactar no crédito. A leitura de que o setor poderia ser mais afetado que os demais está pesando. Mas é claro que o dia é negativo para a bolsa como um todo - afirmou Lemos, para quem a intervenção do BC no Banco Morada não tem qualquer influência no mercado de ações. - O banco não tem representatividade no setor como um todo.
Em Wall Street, sinais inversos
Em Wall Street, o SP 500 avançava apenas 0,07%, o Nasdaq recuava 0,22% e o Dow Jones subia 0,26%.
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) está no foco dos investidores. O documento, divulgado mais cedo, e que justifica a elevação em 0,25 ponto percentual, para 12% ao ano. Nele, consta que o ajuste da taxa básica de juro, Selic, deve ser suficientemente prolongado. Juros em alta atraem mais investidores para a renda fixa, em detrimento da bolsa.
"Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que ora envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que, neste momento, a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012", destacou o BC.
No exterior, saiu o desempenho da economia americana. O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 1,8% no primeiro trimestre deste ano, após um crescimento de 3,1% nos três últimos meses de 2010. O resultado ficou dentro das expectativas do mercado.
As bolsas asiáticas apresentaram comportamentos diversos nesta quinta-feira, com o posicionamento do Fed apresentando ontem impulsionando as operações no Japão, ao mesmo tempo em que o avanço do preço das commodities alimentou os temores do mercado de desaceleração econômica e provocou perdas em outros mercados da região.
Ata do Copom reforça queda nas taxas de juros longos
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou o desenho formado ontem pela curva de juros futuros. Os contratos curtos sobem, captando a percepção de novas altas de juros, enquanto os longos perdem força, mostrando confiança do mercado na estratégia do Banco Central (BC).
Por volta das 11h40, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em maio tinha alta de 0,01 ponto percentual, a 11,91%, na Bolsa de Mercadorias Futuros (BMF). Julho de 2011 apontava 11,98% sem alteração. Outubro de 2011 avançava de 0,04 ponto, a 12,21%. E janeiro de 2012 marcava 12,33%, elevação de 0,04 ponto.
Ente contratos os mais longos, janeiro de 2013 perdia 0,02 ponto, a 12,66%. Janeiro de 2014 recauva 0,06 ponto, a 12,64%. Janeiro de 2015 devolvia 0,09 ponto, a 12,65%. Janeiro de 2016 caía 0,06 ponto, a 12,60%. E janeiro de 2017 marcava 12,47%, baixa de 0,09 ponto.
Na avaliação do estrategista-chefe da CM Capital Markets, Luciano Rostagno, a ata do Copom transmite a ideia de que o BC fará uma "sintonia fina" dos juros, olhando o comportamento do cenário de inflação.
Tal percepção decorre do aceno do BC de que grande parte do esforço anti-inflacionário já foi feito, mas que seus resultados apresentam desafazem. Ou seja, eles ainda estão para aparecer.
Na visão do especialista, o orçamento total de alta de juros deverá ficar condicionado, a partir de agora, à inflação corrente. Caso se confirme a expectativa de arrefecimento dos preços nos próximos meses, o Copom deverá encerrar o ciclo de aperto monetário com apenas mais uma alta de 0,25 ponto percentual na reunião de junho. Caso contrário, continuará subindo o juro neste ritmo até que este cenário se concretize.
Fonte: Globo.com