Dólar fecha a R$ 1,65 apesar de ação do BC e IOF; Bovespa sobe 0,27%


A nova medida do governo para conter a "enxurrada" de dólares no país e a especulação com a moeda teve impacto limitado no mercado de câmbio doméstico, pelo menos na sessão desta terça-feira.


O dólar comercial chegou a ser negociado, no máximo, por R$ 1,664 logo pela manhã, mas seu valor recuou no restante da sessão, sem que as duas compras de moeda feitas pelo BC, e o anúncio da nova medida, tenham impedido a queda.

Dessa forma, nas últimas operações, a taxa cambial atingiu R$ 1,654 (perto da cotação mínima do dia), em um declínio de 0,48% sobre o fechamento de ontem.

Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi negociado por R$ 1,770 para venda e por R$ 1,610 para compra.

Ainda operando, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) sobe 0,27%, aos 67.372 pontos. O giro financeiro é de R$ 4,5 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York valoriza 0,61%.

O Diário Oficial publicou hoje decreto em que institui a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre empréstimos tomados no exterior. A medida visa, além de conter o endividamento externo de bancos e empresas, reduzir a entrada de dólares no país.

Estatísticas do Banco Central mostram que neste ano, até o último dia 18, já entraram US$ 34,74 bilhões no país (já descontadas as remessas) por meio de operações financeiras e comerciais. Essa cifra é 42% maior do que o montante registrado em todo o ano de 2010.

Até o dia 25 de março, bancos e empresas já tomaram US$ 26,6 bilhões em empréstimos no exterior, um aumento de 140% em relação ao mesmo período do ano passado. O crescimento foi maior para as instituições financeiras,de 215%.

Para enxugar o excesso de dólares na praça, o BC tem comprado moeda diariamente, além de realizar operações no mercado a termo e futuro, para influenciar as expectativas sobre a taxa de câmbio.

"Como o juro está mais barato, você pega lá fora, aplica aqui dentro e ganha essa diferença emprestando a taxas mais elevadas. Estamos notando um forte movimento de arbitragem nessa conta", disse hoje o ministro Guido Mantega (Fazenda).

O diretor da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, lembra que a incidência do imposto abrange empréstimos externos com prazo de 360 dias, e que muitas das operações feitas por grandes empresas têm prazo superior, o que já restringe os efeitos da nova medida.

Mas ele também pondera que, dada a expectativa de alguma redução no fluxo de moeda para o país, os bancos terão um estímulo a menos para fazer "apostas" na baixa do dólar. Já no início deste ano, o BC baixou uma norma com o objetivo de conter essas operações, ao obrigar as instituições financeiras a elevarem suas reservas em proporção ao capital "aplicado" na especulação cambial.

"Acho que essa medida visa coibir principalmente a entrada de capital especulativo no país [que entra e sai rapidamente]. E provavelmente, parte desse dinheiro vai deixar de vir para cá", comenta.

JUROS FUTUROS

O mercado futuro de juros projetou taxas mais altas nesta sessão, após as fortes quedas registradas ontem.

A taxa projetada no contrato para julho avançou de 11,95% ao ano para 11,99%; para janeiro de 2012, a taxa prevista passou de 12,20% para 12,24%. E no contrato para janeiro de 2013, a taxa projetada subiu de 12,74% para 12,81%. Esses números são preliminares e estão sujeitos a ajustes.

Fonte: Folha.com