Resumo de terça-feira dia 16 de fevereiro

SÃO PAULO - Indicadores econômicos apresentados na China, Estados Unidos e Brasil deram o tom dos negócios no pregão de terça-feira, que terminou com queda na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), leve alta no preço do dólar, e redução nos prêmios de risco nos contratos de juros futuros. 
Começando pela China, foi divulgado que a inflação de janeiro ficou em 4,9%, acima do 4,6% de dezembro, mas abaixo dos 5% previsto pelos economistas. Vale lembrar que o índice começou o ano com uma nova composição, na qual os alimentos perderam um pouco de espaço para o grupo "custo de vida", que capta, entre outras coisas, o preço das moradias. 

Nos Estados Unidos, os indicadores que centraram atenções foram as vendas no varejo, que cresceram 0,3% em janeiro, abaixo do previsto, e o índice de preços de importação, que avançou 1,5%, contra estimativa de 0,8%.

Por aqui, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que após sete meses de expansão as vendas no varejo ficaram estáveis em dezembro contra novembro. Já no confronto anual, o crescimento foi de 10,1%. No ano, o varejo cresceu expressivos 10,9%.

Olhando agora os mercados, a Bovespa teve forte instabilidade, mas acabou acompanhando o tom vendedor do mercado internacional. Após três jornadas positivas, o Ibovespa caiu de 0,32%, para 66.341 pontos. O giro foi de R$ 6,48 bilhões.

No mercado americano, o índice Dow Jones recuou 0,34%, enquanto o Nasdaq cedeu 0,46% e o S&P 500 perdeu 0,32%. 

"O Ibovespa ficou instável, tivemos um dia bem chocho de notícias, sem nenhum grande setor puxando a bolsa para cima, além das ações da Petrobras. Acredito que o papel tenha subido com um pouco de fluxo migrando da Vale para a estatal. Fora isso, os papéis de construtoras e consumo seguem num vai-e-vem com a política monetária. Estamos tentando vencer a questão da alta de juros, mas a Bovespa ainda patina", afirmou o operador da Um Investimentos Eduardo Oliveira.

No campo corporativo, os papéis ON da BM&FBovespa ficaram entre as maiores perdas do dia ao recuarem 4,74%, a R$ 11,45.

Os agentes reagiram à notícia de que a Bats Global Markets, operadora de bolsa global, fechou um memorando de entendimento com a Claritas, empresa brasileira de gestão de ativos, para avaliar oportunidades no mercado brasileiro. As empresas vão trabalhar juntas visando a criação de um nova bolsa de valores, com serviços de clearing e custódia no Brasil, uma concorrente à BM&FBovespa.

Ainda que os analistas ressaltem que ainda é cedo para saber os efeitos de uma concorrente sobre os negócios da bolsa brasileira, e apontem incertezas sobre a operacionalidade desta nova empresa, as ações "apanharam" no dia.

No câmbio, mais um pregão de pouca oscilação e baixo volume de negócios. Ainda assim, o viés foi levemente comprador. O dólar comercial terminou o dia com alta de 0,05%, a R$ 1,670 na venda. Entre máxima e mínima a moeda oscilou R$ 0,006. O giro estimado para o interbancário somou apenas US$ 1,2 bilhão.

Na roda de pronto da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) o dólar pronto avançou 0,07%, para R$ 1,6692. O volume caiu de US$ 236 milhões para US$ 268,75 milhões.

Segundo operadores, o que chama atenção é o baixo volume negociado. No mercado futuro, por exemplo, o número de contratos girados não tinha passado de 100 mil contratos às 15 horas, quando em dias considerados "normais", tal montante é registrando por volta do meio dia.

O ponto é que o baixo volume e a pouca amplitude na variação de preço são observadas com cada vez mais frequência. Para parte dos agentes, esse mercado mais apático é reflexo das ações tomadas pelo governo e pelo Banco Central (BC) no mercado de câmbio.

Vale lembrar que no ano passado foi elevado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para ingressos externos o que representa um aumento de custo para os investidores seja para compra ou venda moeda. Fora isso, o BC se mostra cada vez mais ativo, passando a impressão de que defende algum patamar de preço para a moeda americana.

No mercado de juros, os contratos de juros futuros fecham o pregão apontando para baixo. Contribuindo para a redução nos prêmios de risco esteve o desempenho do varejo, que sugere que a fase de crescimento ficou para trás e que a contribuição do setor para o desempenho da economia deve ser menor agora em 2011.

Na avaliação do gestor de renda fixa e derivativos da Brasif Gestão, Henrique de La Rocque, os dados do varejo ajudaram a tirar pressão da curva futura, mas o tópico em destaque nesse mercado continua sendo o ajuste fiscal de R$ 50 bilhões.

Na visão do especialista, o mercado mudou de patamar com a expectativa de que o governo passaria a ajudar o Banco Central (BC). No entanto, diz o especialista, o mercado está começando a ficar otimista demais, ou seja, por prudência, em função da trajetória de inflação, a curva poderia estar mais premiada.

De volta ao fiscal, o foco seguiu em Brasília onde aconteceram as negociações sobre a votação do salário mínimo. Um valor superior aos R 545 propostos pelo governo tiraria força do ajuste fiscal já anunciado. A ideia é votar o mínimo nesta quarta-feira. Vale lembrar que parte da base do governo e a oposição quer um reajuste maior, como R$ 560 ou R$ 580.

O mercado recebeu, ainda, declarações no ministro da Fazenda, Guido Mantega, que fez uma teleconferência com investidores estrangeiros. Em linhas gerais, o ministro reafirmou que a economia vai desacelerar em 2010 e que boa parte da inflação é resultado da valorização das commodities. Mantega apontou a especulação e a política monetária expansiva dos países desenvolvidos como responsáveis pela valorização no preço das matérias-primas.

Antes do ajuste final de posições, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em março apontava alta de 0,01 ponto percentual, a 11,14%. Abril também subia 0,01 ponto, 11,46%. Julho de 2011 mostrava estabilidade a 11,92%. E janeiro de 2012 apontava 12,39%, baixa de 0,04 ponto.

Ente os mais longos, janeiro de 2013, o mais líquido do dia, perdia 0,06 ponto, a 12,82%. Janeiro de 2014 recuava 0,07 ponto, a 12,82%. Janeiro de 2015 também diminuía 0,07 ponto a 12,88%. E janeiro de 2016 devolvia 0,06 ponto, a 12,72%.

Até as 16h10, foram negociados 855.200 contratos, equivalentes a R$ 74,33 bilhões (US$ 44,56 bilhões), queda de 13% sobre o registrado no pregão anterior. O vencimento janeiro de 2013 foi o mais negociado, com 256.790 contratos, equivalentes a R$ 24,89 bilhões (US$ 12,28 bilhões).

Fonte: Valor Online

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