"Extraordinário resultado" de 2010 aumenta confiança da Vale para este ano


SÃO PAULO - O resultado da Vale em 2010 foi "extraordinário", segundo declarou Guilherme Cavalcanti, CFO (Chief Financial Officer) da Vale (VALE3VALE5), em teleconferência com analistas sobre o resultado apresentado na véspera. Com o forte balanço apresentado pela mineradora, aumentam as expectativas para este ano. 

Após o maior lucro líquido da indústria de mineração, Roger Agnelli, presidente da Vale, se disse otimista para 2011, apesar de ter citado a situação no Oriente Médio e no norte da África como um potencial fator de desestabilização para as projeções. Cavalcanti, por exemplo, espera que o mercado de minério de ferro continue com uma dinâmica apertada entre oferta e demanda nos próximos três a cinco anos. 

Além da capacidade total ofertada ao mercado, Cavalcanti citou ainda como motivo as exportações da Índia, que ganharam volume em 2009, mas desde então vêm perdendo espaço. A produção de aço no país apresenta crescimento pujante e o minério de ferro produzido deve abastecer somente o mercado local, diminuindo a presença do minério de ferro indiano nos próximos anos.


Demanda em alta

Durante a teleconferência, o CFO citou ainda, da parte da demanda, que deve permanecer elevada, a produção industrial global, que está retomando fôlego e impulsionando o consumo de matérias-primas. Mesmo que os preços do minério de ferro se estabilizem em 2011, após um ano de rápido avanço, os fundamentos devem continuar fortes, sustentados ainda por uma política monetária acomodativa em termos mundiais, aumento do consumo e recuperação dos países desenvolvidos, fatores que contribuirão, por sua vez, para o crescimento dos emergentes. 


O aumento da produção de minério de ferro pela Vale, por exemplo, deve encontrar como mercados consumidores não só a China, mas também a Zona do Euro, que está gradativamente melhorando, o Japão, a Coreia e o Brasil, que deverá continuar a crescer em 2011. 

Ainda assim, mesmo que o crescimento real da China ficasse em 5%, por exemplo, 50 bilhões de toneladas de minério de ferro adicionais seriam necessárias para abastecê-lo. "O consumo interno continua aumentando e a qualidade do minério de ferro oferecido pela China é baixo. Por isso, não vejo grandes alterações nos fundamentos", disse José Carlos Martins, diretor executivo da área de Ferrosos da Vale, durante a teleconferência. 


Projetos podem dobrar tamanho da empresa

Roger Agnelli ainda reforçou que a produção deve aumentar também em outros segmentos de atuação da companhia, como cobre, fosfato e níquel, por exemplo. Para tanto, os investimentos serão importantes. No ano passado, a companhia aportou US$ 12,7 bilhões em projetos de crescimento orgânico, além de US$ 6,7 bilhões em aquisições. 


Um dos pontos reforçados durante a teleconferência foi o fato de que a companhia faz promessas grandiosas, mas entrega resultados. Por isso, Cavalcanti destacou a entrega de seis projetos em 2010: em Carajás, a capacidade foi ampliada em 20 milhões de toneladas por ano, enquanto Omã adicionou 9 milhões de toneladas de pelotas anuais. 

Os outros projetos foram responsáveis por adicionar capacidade de produção de níquel, cobre, fosfato e aço. Entre os planos já aprovados pelo Conselho da empresa, estão novas capacidades de minério de ferro, além de um centro de distribuição na Malásia capaz de lidar com 30 milhões de toneladas de minério anualmente. 

Isso, juntamente com a contratação de navios, diminuirá a dependência da Vale dos fretes e da volatilidade de preços cobrados pelo transporte do produto, aumentando a flexibilidade da empresa para lidar com seus clientes. Os planos ambiciosos para os próximos quatro anos visam, de acordo com Cavalcanti, dobrar o tamanho da companhia. "Estamos preparados para enfrentar desafios", completou Agnelli.

Fonte: InfoMoney