Fundos de private equity devem dobrar ritmo
O interesse em uma indústria de fundos de
participação relativamente nova, mas que tem demonstrado acelerado ritmo
de crescimento, fez com que o inglês Peter Thorpe, diretor associado da
Smith & Williamson, arrumasse as malas em Londres para passar seis
meses imerso no mercado brasileiro.
O grupo em que trabalha, fundado no século XIX e composto por
auditoria, consultoria e banco de investimento, cresceu junto com o
mercado de capitais europeu e agora não quer perder o filão do mercado
financeiro latino-americano, especialmente no segmento de private
equity.
O que chamou atenção de Thorpe e de seus clientes é que, aliado à
expansão do PIB per capita brasileiro, esse mercado "novo" já registrava
no ano passado 180 gestores de fundos, com 236 veículos de investimento
e 554 empresas no portfólio - um movimento que só aumentou com a crise
financeira.
Segundo relatório elaborado por Thorpe como resultado de suas
pesquisas e reuniões no Brasil, publicado em parceria com o UK Trade
& Investment, o investimento médio de private equity durante o
período de 2005 a 2008 foi de US$ 45 milhões.
"Essa cifra aumentou muito desde que despontou a crise financeira,
para um tamanho médio de negócio da ordem de US$ 75 milhões", aponta o
executivo, citando levantamento da gestora Ocroma.
A justificativa para isso é uma combinação entre o crescimento local e
a desaceleração nos mercados desenvolvidos, que fizeram com que os
recursos fossem redistribuídos em busca de garantia de retornos. Além
disso, a instabilidade global cria situações mais favoráveis de negócios
para quem está com dinheiro em caixa, e pode abocanhar empresas de
maior porte.
Os números estão parcialmente em linha com o levantamento mais
recente da Associação de Private Equity de Mercados Emergentes (Empea),
publicado neste mês, que mostra que o volume de investimentos no Brasil
por private equity somou US$ 1,51 bilhão no primeiro semestre, ante US$
989 milhões em todo o ano de 2009, mas ainda é bem inferior a 2008.
Na soma de emergentes, somente no segundo trimestre, o número de
negócios firmados foi o maior desde 2008, em 207 operações. No mesmo
período de 2009, foram 141 negócios.
A estimativa da Empea, baseada nas intenções de investimento e
capital já levantado, é que a fatia de recursos destinada a emergentes
por firmas de private equity aumente da atual faixa de 6% a 10% para
11% a 15% em dois anos.
Nesse período, entre todos os emergentes, o Brasil deve registrar o
maior crescimento de novos investidores nos próximos dois anos, conforme
relatório da diretora de pesquisa, Jennifer Choi. Segundo a associação,
19% dos investidores de emergentes esperam começar a investir no país
no período enquanto apenas 3% dos que já investem pretendem reduzir ou
deixar de investir no país.
"A perspectiva é de crescimento contínuo no Brasil, considerando a
reduzida participação em relação ao PIB do país que o mercado tem", diz
Thorpe. Ele se refere aos números de 2008 do GVCepe, que aponta que o
capital comprometido por private equity no Brasil representava 1,7% do
PIB, antes média mundial de 3,7% e de 4,7% no Reino Unido.
Mas Thorpe destaca que uma das dificuldades de mapear o segmento no
país é justamente que os dados consolidados são publicados tardiamente e
que algumas vezes são controversos.
Fonte: Brasil Econômico

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