Repleta de indicadores, semana deve trazer mais volatilidade aos mercados


SÃO PAULO - Há certo consenso entre os analistas de mercado de que, após um período no qual predominaram os receios quanto à saúde da economia global, a volatilidade e uma alta dose de cautela deverão tomar conta dos mercados ao longo desta semana.
“O viés negativo deve continuar permeando o ambiente de negócios, uma vez que a maior probabilidade é a de que os dados americanos ainda mostrem uma recuperação fraca da economia dos Estados Unidos”, prevê Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora.

Do mesmo modo, o tom pessimista norteia o relatório com as perspectivas semanas da Inifinity. “Números continuam vindo fracos em quase toda extensão da economia americana”, lembra Calos Acquisti, analista que assina o relatório da corretora. “Bolsas fracas com volumes fracos.”

Por seu turno, Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, prevê que, a despeito de sua abertura em terreno positivo, o mercado doméstico inverteria a tendência, fato que já pode ser observado nesta tarde. “Não há qualquer garantia de manutenção deste ambiente mais ameno no restante do dia, muito menos ao longo da semana, em meio a uma agenda carregada e ao sentimento de cautela que tem prevalecido entre os investidores”.

“A agenda da semana no exterior será uma travessia desafiadora aos mercados, com diversos números importantes nos EUA”, comenta Campos Neto.

EUA: protagonista da semana
 
Na maior economia do globo, os destaques ficam a cargo dos diversos dados de atividade que serão conhecidos ao decorrer da semana, como pedidos de bens duráveis, índice Fed Richmond, vendas de imóveis e confiança dos consumidores.

“Os riscos seguem no campo negativo, ou seja, os indicadores apontarem para nova deterioração das perspectivas econômicas do país”, comenta o economista do Banco Schahin.

No entanto, o principal evento por lá deverá ser a publicação da revisão do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano do segundo trimestre. Embora o documento deva trazer um crescimento de 1,4%, de acordo com estimativas do mercado, ante aos 2,4% vistos na primeira divulgação, Miriam Tavares não aposta em grandes impactos nos mercados.

“Apesar da forte redução de crescimento que isso significaria (5,0% no 4T09 para 3,7% no 1T10 para 1,4% no 2T10), esse comportamento já é esperado como resultado da retirada gradual dos impulsos fiscais. Portanto, não deverá ocorrer grandes sustos”, comenta.

Destaque também aos pronunciamentos do presidente do Fed (Federal Reserve), Ben Bernanke, que participa da conferência anual do Banco Central dos EUA de Kansas City. “Diante do cenário preocupante para a economia, os mercados irão acompanhar o teor do discurso de Bernanke, a fim de obter sinais sobre novos estímulos que podem ser concedidos”, assinala Campos Neto.

Agenda doméstica
 
Voltando-se ao mercado doméstico, os principais destaques da semana ficam por conta dos dados de crédito e desemprego. “Na terça sairão os dados da confiança do consumidor, pela FGV e o resultado primário do Governo Central, divulgado pelo Tesouro. Na quarta, teremos o resultado consolidado do setor público e, para encerrar a semana, na quinta será divulgada a taxa de desemprego pelo IBGE”, informa a equipe da Rosenber & Associados.

“Espera-se crédito em boa expansão e confiança próxima das máximas históricas, sugerindo um cenário favorável para o consumo no país”, comenta o Banco Schahin. “Diversos números recentes têm indicado que, a despeito de uma acomodação observada no segundo trimestre, os condicionantes para o crescimento persistem – todavia, não há sinais de aquecimento excessivo.”

Indicadores à parte, foco na Petrobras

Grande expectativa também na divulgação do preço do barril de petróleo que será utilizado na cessão onerosa para a Petrobras (PETR3, PETR4), conforme declaração do ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Um preço acima de US$ 7 poderia inviabilizar a capitalização da empresa.

Além disso, rumores veiculados durante a semana trabalharam com a possibilidade de que a oferta de ações seja adiada para 2011. Se isso ocorrer, avalia Pedro Galdi da SLW, as incertezas continuam e o papel fica sem força para se recuperar. Como projeções para o Ibovespa são baseadas na expectativa de um rali da Petrobras, avalia o estrategista, as casas de investimento podem ser obrigadas a rever suas estimativas, aponta. Por isso, a sessão pode ser determinante para definir "para onde caminhará a bolsa", conclui.

Europa: agenda e indicador fracos
 
Do Brasil ao Velho Continente, a agenda de indicadores europeia é escassa nesta semana, contando apenas com números da atividade manufatureira já publicados nesta manhã: o índice composto produzido pela Markit Economics sobre a atividade manufatureira na Zona do Euro indicou que o ritmo de expansão caiu no mês de agosto, com o indicador marcando 56,1 pontos contra os 56,7 de julho.

Ásia: olhos no Japão

Na Ásia, os holofotes voltam-se ao mercado japonês, de onde espera-se os números de atividade, a serem divulgados na quinta-feira. “Mantém-se (...) a preocupação acerca da manutenção da deflação e de como combatê-la, mesmo com melhores indicações vindas do lado da atividade”, prevê Miriam Tavares.

Fonte: InfoMoney

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